Anna Gouvea Guimarães

Neste momento de realização de assembleias gerais ordinárias (AGOs) para 2022, as companhias do mercado de capitais brasileiro se movimentam em busca de uma melhor composição para seus conselhos de administração, instância responsável por governar e dar direcionamento estratégico às empresas, e o debate sobre a diversidade pauta as negociações naquelas que atuam para a inovação, a transformação e a sustentabilidade.
A nossa atenção está voltada para as 100 maiores companhias listadas do Brasil, que compõem o índice IBX 100 da bolsa de valores brasileira (B3) e para a contribuição do 30% Club, uma campanha global presente em 18 países que tem por missão promover, de forma voluntária, o equilíbrio de gênero com diversidade nos conselhos de administração no mundo.
O 30% Club atua para evoluir o atual cenário brasileiro em que 81 das empresas IBX 100 têm mulheres em seus Conselhos. Dessas, somente 11 empresas já possuem 30% ou mais da presença feminina e 19 não contam com nenhuma mulher em seus colegiados, ainda! Formado pelas lideranças do mercado de capitais, acionistas, investidores institucionais, presidentes de Conselho e CEOs, o capítulo brasileiro do movimento age para zerar o número de empresas sem nenhuma mulher no IBX 100 em 2022 (atualmente 35 companhias têm uma conselheira nos seus Conselhos de Administração) e atingir até 2025 o mínimo de 30% de presença feminina nos Conselhos de Administração do IBX100.
Incluir a primeira mulher nos conselhos faz parte do início da jornada para a diversidade, e a campanha estimula que as companhias adotem metas aspiracionais para essa transformação e participem do 30% Club Brazil, movimento de lideranças — homens e mulheres — que entendem que é preciso projetar uma nova visão de mundo a partir do diálogo, de novas percepções e da inovação para a construção de culturas sustentáveis, começando por lideranças e tomadores de decisão.
Estudos demonstram que os conselhos com equilíbrio de gênero tendem a melhorar os resultados das companhias, considerando as premissas referentes às boas práticas de ESG (Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança).
A diversidade é hoje a base da inovação e da transformação. Traz benefícios e uma melhor governança corporativa, pois contribui para um ambiente heterogêneo propício ao debate a partir de novas ideias e perspectivas, além da proposição de novas práticas que resultam em melhores resultados e na preparação das empresas para desafios. A presença feminina enriquece o debate e o processo decisório devido à complementaridade de visões que a união de gêneros contempla e é um símbolo de que a empresa está disposta e é capaz de se reinventar, estando preparada para a inovação.
A promoção da diversidade nos conselhos deve ser realizada a partir das necessidades estratégicas da empresa, respeitando-se as competências, de maneira a identificar e considerar a complementaridade de perfis adequados à necessidade da instância. E, sim, hoje existem mulheres preparadas para assumirem os postos de conselheiras. O país possui um banco de profissionais com competência, além de programas e organizações que oferecem mentorias para mulheres executivas que querem atuar em conselhos de administração. O 30% Club Brazil contribui também para a aproximação entre as empresas e essas mulheres.
A campanha é formada por grupos de trabalho compostos por profissionais C-Level da iniciativa privada, com experiência em mercado de capitais, que se dispõem a contribuir com a causa num trabalho realizado de forma voluntária para oferecer subsídios e incentivar investidores, lideranças, presidentes de conselhos, CEOs, conselheiros, gestores e empresários a alcançarem a diversidade de gênero em seus conselhos. Esperamos continuar influenciando positivamente e de forma voluntária no equilíbrio de gênero nos conselhos de administração do IBX 100.
O fato de as mulheres serem maioria na população brasileira e responsáveis pelas decisões de consumo de suas famílias é determinante para garantir a presença feminina nesses espaços de governança. Mas, para além dessa importante informação, sabemos que sem a diversidade, não há inovação. E sem inovação, não há sustentabilidade de negócios. Acreditamos que colegiados que prezam pela diversidade tendem a contribuir positivamente para que as companhias evoluam com seus resultados, assim como para a promoção dos fatores ESG. Em termos de Brasil, poder contribuir para evolução no ranking global de competitividade com maiores investimentos em inovação e melhoria da produtividade em geral faz parte da nossa missão.

diversidade de gênero

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JOTA

Incluir a primeira mulher nos conselhos faz parte do início da jornada para a diversidade

Diversidade nos Conselhos de Administração gera inovação nas empresas

Estudos apontam que conselhos de administração com equilíbrio de gênero tendem a melhorar resultados das companhias