Paulo Oldani

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está com um processo de consulta pública em andamento para a inclusão do primeiro tratamento específico para dermatite atópica grave em pacientes adultos no rol de medicamentos e procedimentos de cobertura obrigatória pelos planos de saúde. Nos casos mais graves, o desafio é enfrentar a falta de opções terapêuticas que, de fato, tratem, além da sintomatologia, a causa do problema.   
Provavelmente você já deve ter sentido sua pele irritada, com coceira ou vermelhidão ocasionados por uma alergia ou picada de inseto. Mesmo que tenham curta duração, esses sinais já são suficientes para causar desconforto. Agora, imagine conviver por toda a vida com lesões e ​​fissuras na pele, coceira intensa e irritação. É dessa forma que pessoas com dermatite atópica (DA) vivem. Esse tratamento é um divisor de águas para quem vive com a dermatite atópica grave, reduzindo o impacto psicossocial causado pela doença, resgatando, assim, a qualidade de vida de milhares de pacientes.  
O novo medicamento imunobiológico proposto na consulta pública tem estudos que comprovam a eficácia e a segurança, além da sua superioridade em relação às outras opções terapêuticas. O medicamento é uma terapia alvo, inibindo pontos chave do processo inflamatório da fisiopatologia da dermatite atópica e traz uma nova perspectiva para pacientes que apresentem falha, intolerância ou contraindicação à ciclosporina ​​– ainda que o uso desse medicamento para amenizar os casos mais graves seja bem aceito, não é uma solução de longo prazo, devido aos eventos adversos.  
 A dermatite atópica é causada por uma resposta exagerada do sistema imunológico e geralmente ocorre em membros de famílias que já são acometidos por outras doenças atópicas, como asma, rinite e esofagite eosinofílica. Os pacientes com essa doença, muitas vezes, apresentam quadros com duas ou até as três doenças simultaneamente[1], [2], [3]. 
O impacto na qualidade de vida acontece mesmo nos casos leves, aumentando conforme a gravidade, chegando, em muitos casos, a interferir em outras esferas da vida dos pacientes, como a autoestima, fazendo com que muitos se isolem devido ao constrangimento pela aparência da pele – muitas pessoas têm dificuldades sociais, afetivas, profissionais e sexuais por conta do problema. Segundo pesquisa promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) em 2018, 35% das pessoas diagnosticadas disseram sofrer discriminação e 70% buscaram assistência psicológica[4].  
A qualidade do sono também é outro aspecto que deve ser observado, visto que, especialmente nos casos mais graves, os sintomas não dão trégua e atrapalham até mesmo as horas que deveriam ser de descanso. Os adultos podem ter até 80 noites de sono por ano prejudicadas pela dermatite atópica[2]. Vale ressaltar que noites mal dormidas podem aumentar os riscos de desenvolvimento de outras doenças, como hipertensão, diabetes, depressão, entre outras[5].  
Por isso, é essencial que os pacientes mantenham acompanhamento com especialistas de dermatologia ou de imunologia[2] para encontrarem o melhor caminho entre os tratamentos disponíveis, como rotinas de hidratação, banhos mais curtos e com água morna, entre outras possibilidades.  
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Referências 
[1] Eichenfield et al. Guidelines of Care for Atopic Dermatitis. J Am Acad Dermatol. 2014;70(2):338-51. 
[2] Simpson EL et al. J Am Acad Dermatol 2016;74:491-498 
[3]Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde – Dermatite Atópica. Disponível em: <a href="https://bvsms.saude.gov.br/dermatite-atopica/">https://bvsms.saude.gov.br/dermatite-atopica/</a>. Acesso em Agosto/2022. 
[4] Veja Saúde. Sintomas de dermatite atópica vão muito além da pele. Disponível em: <a href="https://saude.abril.com.br/medicina/sintomas-de-dermatite-atopica-vao-muito-alem-da-pele/">Link</a>. 
[5] MÜLLER, Mônica; GUIMARAES, Suely. Impacto dos transtornos do sono sobre o funcionamento diário e a qualidade de vida. Disponível em: <a href="https://www.scielo.br/j/estpsi/a/gTGLpgtmtMnTrcMyhGFvNpG/?lang=pt&amp;format=pdf#:~:text=Os%20dist%C3%BArbios%20do%20sono%20provocam,por%20comprometer%20a%20qualidade%20de">Link</a>.

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JOTA

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