Leonardo Barém Leite

Uma das principais diferenças entre os esportes individuais e os coletivos é justamente o fato de que nos coletivos é a equipe (como um todo) que conta, e que vence ou perde. São somatórias de atuações individuais, mas que apenas chegam a algum lugar se organizadas e estruturadas, se realmente forem coletivas.
Nos esportes coletivos, muitas vezes há atletas diferenciados, acima da média até mesmo da sua equipe, mas para que se ganhem campeonatos e não apenas um jogo ou uma etapa, é preciso que o conjunto se sobressaia positivamente.
Em algumas modalidades, como no atletismo e na natação, e mesmo no tênis, há espaço para competições e jogos em que o mesmo atleta participe tanto de momentos individuais quanto coletivos (nos jogos olímpicos e em alguns campeonatos mundiais por modalidades há essa opção), mas via de regra são esportes bem “marcados”, e ou a pessoa joga pelo coletivo ou para si própria.
Nas Copas do Mundo de Futebol da Fifa, de 2014 e de 2018, por exemplo, viu-se nas finais (de ambas) seleções que souberam ser coletivas, que souberam jogar em equipe. Tanto em 2014 quanto em 2018, as equipes campeãs mostraram ser exatamente isso equipes, e não apenas amontados de craques, por vezes calcados apenas em um jogador.
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Nos esportes coletivos um jogador realmente “galático” pode “sozinho” jogar tão bem que consiga “fazer a diferença” em um jogo. Isso acontece bastante, e ocorreu nas duas ocasiões mencionadas acima, mas não costuma ocorrer uma vitória de todo um campeonato com base em apenas um. Esse paralelo dos esportes coletivos com os departamentos jurídicos nos parece bastante adequada, pois entendemos ser também, um exemplo de atuação coletiva. E com resultados coletivos, bons ou não.
Mesmo nos casos dos departamentos jurídicos em que se tem apenas um advogado (e isso ocorre bastante) a atuação é coletiva, pois havendo um certo volume de trabalho, tanto na área consultiva e preventiva quanto na contenciosa (ainda mais se pensarmos em todos os campos do direito empresarial) é impossível que apenas uma pessoa consiga fazer tudo e vencer o campeonato da vida real e quotidiana.
Assim como nos escritórios de advocacia, vemos em alguns departamentos jurídicos algumas estrelas, advogados “maravilhosos” e estrelados, que todos gostariam, de ter em seus quadros, mas a verdade é que dificilmente as vitorias serão de campeonatos se não houver equipes efetivas. Um paralelo bastante comum e frequente se faz entre o técnico de um time de esporte coletivo e o gestor do departamento jurídico, sendo esse profissional uma espécie de maestro da orquestra, que pode até “escolher todos os integrantes da equipe”, e pode gerir o grupo todo, mas que não será de fato um vencedor se o grupo não for bem escolhido, gerido, motivado, treinado, equilibrado e vitorioso como um todo.
Para esse “técnico” (no caso do departamento jurídico, o gestor) é preciso que o objetivo esteja muito claro (por exemplo, com foco no jogo ou no campeonato, no curto ou no longo prazo etc.), e que com base nisso ele escolha um a um e aos poucos organize uma efetiva equipe, e não um mero conjunto de profissionais (ainda que bons individualmente).
Tanto na equipe interna quanto na externa (escritórios) acreditamos que seja preciso que o gestor conheça muito bem a todos e saiba exatamente as competências de cada um e defina como se pretende vencer o campeonato. E que fique bem claro como a equipe atuará, com “perfeita” soma de competências e esforços, organização de atuações, papéis e funções, com vistas ao objetivo (que precisa ser o mesmo).
O Brasil tem essas duas grandes competições como tristes exemplos da falta de equipes reais e do abuso da esperança baseada em um ou dois integrantes, da mesma forma como Portugal e Argentina também erraram.
O departamento jurídico precisa ser pensado e organizado, e gerido dessa forma, como um esporte coletivo que pretende vencer campeonatos e não apenas jogos. De pouco ou nada adiantará ter uma ou duas estrelas na sua equipe se não houver de fato uma orquestra, e da mesma forma não adiantará ter uma equipe interna “maravilhosa” se a externa não o for, e vice-versa. Tanto no País quanto nas empresas, e com mais foco nos departamentos jurídicos, precisamos pensar de forma mais coletiva e com maior foco nos grandes campeonatos e no longo prazo, na sustentabilidade das conquistas.
Caso você seja o gestor da sua equipe, procure refletir sobre esse tema e avaliar de que maneira esse ponto está ocorrendo. Sua equipe é realmente uma equipe? O modelo de gestão e de atuação está “mirando” no jogo (no dia a dia a dia, no “hoje”) ou no campeonato? A equipe interna e a externa são de fato integradas como uma só?
As escolhas das pessoas para as equipes, as táticas, os treinos, as jogadas, a preparação, estão de fato contemplando tudo isso? Tem sido muito comum que por razões de tempo, pressão, dificuldades com orçamento etc. muitas equipes atuem apenas com o foco imediato do momento, sem a consciência de que se vencer um jogo é bom, importante e necessário, é preciso que se pense no campeonato.
Dependendo do tipo modalidade que você esteja disputando, ter essas questões bem definidas (e combinadas com todos) pode ser bastante relevante. Esse é um dos temas que a atual realidade dos departamentos jurídicos inovadores mais demanda, e que mais se estuda e debate nos diversos foros que já temos no País. Procure conhecer mais. Pode ser útil a você, e a sua equipe!

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JOTA

Departamento precisa ser organizado e gerido como um esporte coletivo

Departamentos jurídicos e esportes coletivos

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