Leonardo Barém Leite

Assim como nos esportes, no mundo dos negócios o alto rendimento é uma das palavras de ordem. E da mesma forma em que nem sempre se busca o alto rendimento no esporte, pois há o esporte não propriamente competitivo, também há departamentos jurídicos que o conceito do alto rendimento pode não ser prioritário.
Sempre dizemos que o negócio (a empresa, na pessoa de seus principais “stakeholders”) é que deve indicar para o que quer o jurídico e o que dele espera. Muitas vezes as respostas a essas questões são surpreendentemente diferentes. Escolhido, no caso, que o departamento jurídico deva ter alto rendimento, surge um segundo desafio. Como e o que medir? E após qual resultado este seria considerado bom, ruim ou outros?
<ul class="jota-article__internal-links">
<li>+JOTA PRO: <a href="https://www.jota.info/pro/degustacao-poder">Entenda o cenário institucional com o JOTA Poder. Seguimos de perto tribunais superiores, agências reguladoras, Congresso, Poder Executivo e legislativos estaduais e municipais para reportar informações públicas de impacto. Experimente o serviço que tem ajudado empresas e atores do mercado financeiro!</a></li>
</ul>
Em alguns casos a “métrica” é mais intuitiva e até automática, permitindo que rapidamente se afira os resultados. Como sabemos, no caso do departamento jurídico, porém, essa questão é bem mais complexa. Como se “descobre” se o departamento jurídico tem ou não um bom rendimento (resultado) e como se faz para melhorar o que pode e precisa ser melhorado?
Esse ponto é um dos mais desafiadores, pois ao contrário de áreas como vendas ou marketing, nas quais se tem em alguns casos uma relação quase direta entre o investimento e o seu resultado, no jurídico tudo é muito mais conceitual e sutil – necessitando de outras “métricas” (como os indicadores). O jurídico é justamente um dos departamentos ou áreas em que essa relação, por não ser direta e nem matemática, que mais gera polêmica e debate nas empresas – sendo que algumas ainda insistem em considerar o valor empregado como custo ao invés de investimento.
Em alguma medida, os indicadores (acerca dos quais já comentamos em outros artigos) ajudam bastante nesse campo, mas ainda parece estar pendente o que chamamos de melhoria conceitual de performance.
Assim como custos, que popularmente se diz que devem ser cortados semanalmente, a melhoria dos resultados pelo jurídico deve ser constante e permanente. A pergunta que se coloca, então, é “em que”?
De certa forma, entendemos, então, que esse conceito de melhoria continua deva ser permanente e receber a devida atenção de toda a equipe (a começar pelo gestor) todos os dias. Raciocinar dessa maneira, em grande medida importa em retomar a teoria das restrições e dos gargalos, bem comentada, por exemplo, no “best seller” “A Meta”, que aborda em detalhe e com narrativa fácil um belo exemplo de melhoria continua e sequencial.
Raciocinar dessa maneira remete, também, à questão não apenas dos indicativos, quanto da inovação, pois inovar (de forma constante e permanente) já seria uma das medidas de melhoria. Fazer de outra forma, fazer diferente, com foco em melhoria, de resultados, de custos, de energia ou tempo, de qualidade etc (seja qual for o indicador) pode em si já gerar grandes ganhos.
Uma outra forma de se encarar o assunto é sob o ponto de vista não de um departamento ou de uma área, mas da empresa como um todo, no que um dos indicadores sera o resulta da empresa inteira, inclusive (por exemplo) o balanço patrimonial. Ações do jurídico que de alguma forma impactem o balanço e o ajudem, pois sim ser consideradas resultado positivo e indicativo de alto rendimento.
Algumas empresas adotam ainda o sistema de se obter do conselho (ou até da assembleia geral) diretrizes (ou mesmo tarefas) para melhoria do jurídico, que por si só já norteiam bastante e orientam o gestor. Um presidente (CEO) que conheça bem a rotina e os desafios do jurídico, também pode ajudar e na mesma linha... Ele pode informar o que lhe “incomoda” na empresa ou no jurídico, e quanto uma melhoria do ponto envolvido ajudaria o contexto geral.
Há presidentes (ou acionistas) que orientam bastante o jurídico nesse sentido e que ajudam de forma exemplar a “calcular” as melhorias, à medida em que os resultados pretendidos são (ou não) alcançados. Como os indicadores em geral são por fatias de questões ou projetos, e entendemos que seja essa mesma a função deles, costuma ser comum que se precise de outras ferramentas, que aliadas ou não aos indicadores ajudem a avaliar o rendimento e o resultado.
Há também casos em que a empresa consegue se espelhar ou inspirar (assim como no caso dos indicadores) no seu setor, e buscar dados e informações setoriais, assim como metas e parâmetros, para aplicar ao seu caso concreto, da mesma forma como por vezes se compara a empresa a ela própria, em diferentes momentos no tempo.
Comparar os indicativos ou o tamanho ou o “custo”, e até mesmo o papel e o enfoque do jurídico com o que ocorre em outros países, tende a não ser realista. Pode até ocorrer, e de fato algumas “multinacionais” assim procedem, mas recomendamos um certo cuidado, pois as realidades tendem a ser tão diferentes que tentar comparar o incomparável pode não gerar tanto resultado assim.
O próprio “jeito” de se desempenhar uma determinada atividade por sofrer grandes alterações no tempo e no espaço, à medida em que, por exemplo, um determinado negócio tenha por momento abrir ou fechar filiais e agencias, internalizar ou terceirizar atividades, licenciar ou produzir, prestar serviços direta ou indiretamente, atuar de forma completa e verticalizada ou “focando em uma determinada etapa da cadeia produtiva.
Tudo isso varia muito e precisa ser considerado como parte fundamental no processo de tomada de decisão, que por sua vez precisa considerar a cultura da empresa. Cada empresa precisará encontrar o seu caminho nesse campo, de acordo com a sua realidade e o seu momento, sendo impossível encontrar uma receita única.
Você, gestor de jurídico corporativo, procure refletir sobre esse tema e tentar encontrar o “seu caminho”, e a sua cesta de prioridades. Esse é um dos temas que a atual realidade dos departamentos jurídicos inovadores mais demanda, e que mais se estuda e debate nos diversos foros que já temos. Pode ser útil a você!!

tape-measure-1186496_1280

https://images.jota.info/wp-content/uploads/2021/09/copy-of-jota-logo-high-cmyk.jpeg

JOTA

Como e o que medir? E após qual resultado este seria considerado bom, ruim ou outros?

Departamentos jurídicos e a alta performance

Como e o que medir? E após qual resultado este seria considerado bom, ruim ou outros?