Patrícia Marins

A busca pela diversidade nos <a href="https://www.jota.info/eleicoes/saiba-quem-sao-os-ministros-escolhidos-por-lula-02012023">ministérios do novo governo</a>, a necessidade de uma frente ampla e o comprometimento de todos os titulares das pastas com a transparência são imprescindíveis no fortalecimento da democracia. Por isso, cada um deles também deve assumir o compromisso de ampliar o conceito de comunicação eficaz para com a população. 
Estudiosos da comunicação afirmam que a sociedade está vivendo a era da desinformação e da infodemia. Isto é, a rápida e ampla disseminação de notícias reais e falsas, dificultando a compreensão de determinado assunto. Também há alertas contra a infoxicação, caso em que informações são recebidas por alguém em volume muito maior do que consegue processar. 
Na dinâmica das redes sociais, a informação errada e escandalosa tende a chamar mais atenção e gerar mais interação do que conteúdos verídicos. A verdade, que não costuma ser muito charmosa, vive um problema de marketing, como apontou em 2019 o pesquisador indiano Rohit Barghava em seu livro "As tendências não óbvias" ("Non obvious megatrends").
A democratização do acesso da população à internet e o hábito de se informar somente pelas redes sociais contribuem para a propagação de notícias fáceis de serem reverberadas e que, muitas vezes, não são verdadeiras. Tornam-se bem mais críveis aos olhos de uma pessoa que as recebe quando confirma percepções que ela já tem.  
Discursos de ditadores e de chefes militares costumam gerar forte engajamento por terem simplicidade, intencionalidade e repetição, mas também é possível ressignificar essas estratégias para fortalecer a democracia. A neurociência reforça a necessidade de repetir conceitos claros e simples em escala. 
Saber ouvir tornou-se ainda mais importante nestes tempos dominados por realidades paralelas e pela chamada pós-verdade. O que leva tantos a acreditarem em mentiras grosseiras, que muitas vezes tornam quase impossível uma conversa racional? A escuta atenta daqueles que engoliram tais inverdades é o caminho mais seguro para chegar a boas respostas. 
Em síntese, essa fórmula levou inúmeros influenciadores digitais a saírem do anonimato para conquistar milhões de seguidores. Antes de tudo, eles sabem com quem estão falando. Têm um público claro e definido. Entendem a dor das pessoas que os acompanham e conseguem construir diálogo a partir da compreensão do contexto. 
Influenciadores são storytellers. Sabem descrever bem os personagens, a cena, o enredo e sempre terminam as histórias com ação prática. Eles incorporaram impacto ao conceito de storytelling com o fazer (story doing) e o viver (story living). 
A narrativa flui como bate-papo, sem formalismos. A intenção principal é se fazer compreender, se conectar de verdade. Ser visto como um igual, jamais como alguém em posição superior. 
Simples, não? Mais ou menos. De fato, visualizar o percurso a seguir nada tem de complicado. Os problemas aparecem quando se coloca a mão na massa, ao se identificar termos que poderão ser incompreendidos pela população ou ideias que inicialmente soaram de forma genial para colegas, mas que depois não fizeram sentido a outras pessoas.  
Esses exemplos reforçam a necessidade de comunicação eficaz, de forma clara, coerente e de fácil entendimento. Daí a importância de os porta-vozes do novo governo pautarem-se pela transparência, imprescindível em sociedades democráticas e impossível de ocorrer em ambientes com ruídos na comunicação. 
Comunicar é um ato de comunhão e de convívio. Por isso, é preciso ter empatia para entender as dores da população diante de problemas de saúde, educação, segurança pública, entre outros, mas também saber a melhor linguagem para informá-la, de forma simples. 
É exatamente aí que entra a necessidade de o setor público saber se comunicar de forma permanente com a população, que não é homogênea, mas resultado de uma diversidade, palavra de aposta do novo governo.

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JOTA

Setor público precisa saber se comunicar de forma permanente com a população, que não é homogênea

Comunicação e transparência do novo governo são pilares para fortalecer a democracia

Setor público precisa saber se comunicar de forma permanente com a população, que não é homogênea, mas resultado de uma diversidade