Rafaela Frankenthal

No cenário atual, assumir uma postura passiva diante de desvios éticos de conduta no ambiente de trabalho finalmente não é mais aceitável para uma empresa. Quando se fala em assédio, discriminação e outros comportamentos inadequados, as organizações devem agir de forma ativa, ágil e firme. O primeiro mecanismo para trilhar este caminho é manter uma comunicação interna que deixe explícito o posicionamento da empresa contrário a esses problemas. O segundo passo é construir um programa que dificulte a perpetuação desses problemas e estabeleça uma cultura sadia; para isso, vale o uso de ferramentas que facilitem a denúncia e a apuração dos casos. 
A gestão efetiva desses riscos está no topo das prioridades da área de compliance em conjunto com a alta liderança das organizações que, cada vez mais, têm se apoiado em ferramentas como o canal de denúncia para cumprir essa tarefa.  
O papel dos canais de denúncia, hoje, é preponderante dentro das empresas brasileiras, devido a trâmites legislativos e pressão publica que demanda espaços de trabalho seguros, aversos a desvios éticos como discriminação e assédios. No entanto, o formato analógico (com uma URA 0800 e atendimento despersonalizado) que representava a ferramenta, mostrou-se ineficiente nas últimas décadas. As pessoas colaboradoras que compunham times e equipes não sentiam confiança em realizar relatos e, consequentemente, o compliance perdia visibilidade de problemas estruturais, que retornavam em formatos de ruído de imagem e processos trabalhistas. <span data-ccp-props="{&quot;201341983&quot;:0,&quot;335551550&quot;:6,&quot;335551620&quot;:6,&quot;335559685&quot;:0,&quot;335559731&quot;:0,&quot;335559738&quot;:240,&quot;335559739&quot;:240,&quot;335559740&quot;:276}"> 
Hoje, o modelo mais atraente de canal de denúncia é tecnológico, oferece a possibilidade de relatos via celular ou computador com funcionalidades que aumentam a confiança da pessoa colaboradora e trazem credibilidade a marca. O canal de denúncia da SafeSpace, por exemplo, oferece a possibilidade de que um relato seja feito de forma anônima ou condicional em conjunto com outra pessoa. Para isso, o foco precisa ser a pessoa relatante e a experiência que ela irá encontrar ao usar a plataforma.<span data-ccp-props="{&quot;201341983&quot;:0,&quot;335551550&quot;:6,&quot;335551620&quot;:6,&quot;335559685&quot;:0,&quot;335559731&quot;:0,&quot;335559738&quot;:240,&quot;335559739&quot;:240,&quot;335559740&quot;:276}">  
Como reflexo da inovação estar batendo na porta do compliance, números recentes divulgados pelo <a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/mpt">Ministério Público do Trabalho</a> apresentam uma mudança comportamental das pessoas trabalhadoras: — até junho deste ano foi registrado um aumento de 63% nas denúncias de casos de assédio sexual em comparação ao ano anterior. Esse crescimento representa um trabalho efetivo que acontece entre compliance e alta gestão para implementar ferramentas funcionais e assumir uma comunicação interna firme, contrária a desvios éticos. 
Tendo em vista essa mudança comportamental de mercado e a dimensão da pauta, existem pontos a se considerar que as empresas devem se atentar para um bom uso de canal de denúncia.  
A eficiência na gestão de riscos depende, em primeiro momento, de uma apuração assertiva, organizada e ética por parte do compliance. Por isso, é importante que a empresa contratada para fornecer o canal de denúncia seja capaz de guiar a equipe área na apuração de relatos que chegam pela plataforma a fim de garantir segurança e confiança no processo, desde o recebimento até a devolutiva final. 
Vale ressaltar que ainda é um desafio para o compliance garantir um aproveitamento qualitativo e quantitativo das informações extraídas dos relatos. Uma boa ferramenta oferece acesso a dados e relatórios que direcionam estratégias efetivas de manutenção da cultura organizacional. 
Após a fase de apuração e análise das informações coletadas junto às testemunhas e à pessoa relatada por parte dos administradores do canal de denúncia, um relatório deve ser enviado ao Comitê de Ética da empresa. Esse grupo será responsável por deliberar e aplicar as medidas cabíveis à pessoa relatada e determinar ações para evitar a recorrência da conduta no ambiente de trabalho. 
Por conta da responsabilidade que carrega um comitê, é importante que as corporações se preocupem em formar uma equipe diversa e verdadeiramente comprometida para compô-los. O foco deve ser garantir que cada processo seja concluído a bom termo e que a empresa se torne, um local ético e seguro para trabalhar. 
Independente do caminho que cada apuração seguir, deve sempre ser enviada uma devolutiva à pessoa relatante com informações sobre o desfecho do caso. Para evitar vazamentos, a segurança de dados deve estar no centro das relações entre as áreas administradoras e equipes. Outro ponto fundamental é enfatizar, durante todo o processo, que a confidencialidade será respeitada e que não haverá retaliação por parte da empresa. 
O bom funcionamento de um canal de denúncia também será maior na medida que as pessoas colaboradoras tenham clareza sobre quando e como usar essa ferramenta. Por isso, é importante que as organizações tenham um código de conduta estruturado e acessível, que defina de forma clara e objetiva as políticas éticas e as consequências aplicáveis a quem desrespeitá-las.  
Uma liderança comprometida, que dê as bases para que a empresa tenha uma postura mais assertiva na gestão de riscos e se mostre disposta a ouvir os relatos de seus colaboradores, é o ponto de partida para uma mudança de postura em relação ao problema da falta de ética no mundo corporativo. A inovação acompanha o movimento do mercado e as empresas mais comprometidas com o sucesso de suas equipes também.

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JOTA

É importante que as organizações tenham um código de conduta estruturado e acessível

Canais de denúncia precisam de inovação e assertividade

O funcionamento de um canal de denúncia também será melhor na medida que as pessoas colaboradoras tenham clareza sobre como usar a ferramenta