Afonso Belice

Flávio Kiyoshi Yamauchi

Elon Musk e criptoativos, uma relação que vai do céu ao inferno em apenas um tweet. Nesta semana, um comunicado avassalador partiu do microblog da conta pessoal do “Tecnoking” da Tesla (sim, Musk mudou oficialmente o título de CEO para este mais “inovador”). A montadora de carros elétricos não vai mais aceitar pagamentos em Bitcoin por conta de preocupações com o meio ambiente. E então você se pergunta, o que o Bitcoin tem a ver com a pegada ambiental? Explicamos.
O processo de manutenção da segurança e confiabilidade da rede descentralizada do Bitcoin, a blockchain, é mantido por “mineradores”. Estes indivíduos colocam seus supercomputadores na rede Bitcoin para que possam resolver os problemas computacionais complexos inerentes à blockchain. Ao resolverem tais questões, eles são recompensados pela própria rede em forma de Bitcoin e de taxas pagas pelos usuários. É assim que os Bitcoins são minerados, e é como a blockchain se mantém operando de forma segura e descentralizada.
<a href="https://www.jota.info/produtos/poder?utm_source=Banner%20site&amp;utm_medium=Artigos&amp;utm_campaign=CTA_Poder_materias"><img class="size-medium wp-image-292717 aligncenter" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2021/01/jota-pro-poder.jpg" alt="" width="688" height="688" /></a>O problema é que, como você deve imaginar, supercomputadores demandam superconsumo de energia. Estamos falando de gastos gigantescos: se o Bitcoin fosse um país, ele estaria no 30º lugar como maior consumidor de energia do mundo<a href="#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a>. Anualmente, a mineração de Bitcoin consome praticamente o mesmo de energia que a Argentina inteira.
<blockquote class="jota-article__eye">Apesar da rede blockchain do Bitcoin ser descentralizada, há um país onde ela, paradoxalmente, se concentra. Qual? A China. Mais de 75% de toda a mineração de Bitcoin acontece no gigante asiático. E qual a fonte principal de energia da China? O carvão, que representa mais de ⅔ da fonte energética chinesa.</blockquote>
Neste sentido, a grande maioria dos Bitcoins minerados atualmente não são ecologicamente sustentáveis. Afinal, advém da queima de combustível fósseis chineses (além, é claro, de muitos supercomputadores e tecnologia envolvidos).
E é por esse motivo ambiental que a Tesla de Elon Musk resolveu não mais aceitar Bitcoin como pagamento para comprar seus carros elétricos. Contudo, a montadora não vendeu sua reserva de Bitcoin. Inclusive, ela obteve mais lucro neste ano 2021 com investimento no criptoativo do que propriamente vendendo carros<a href="#_ftn2" name="_ftnref2">[2]</a>.
Bitcoin seria então um vilão para o meio ambiente? Bem, este é apenas um lado da (cripto)moeda. Se as empresas estão tão preocupadas com o ecossistema e os pagamentos então elas deveriam parar de usar o… mercado financeiro! Se você acha que a rede blockchain gasta muita energia, deveria dar uma olhada no quanto o mercado tradicional gasta: 6 vezes mais que o Bitcoin<a href="#_ftn3" name="_ftnref3">[3]</a>. Isso sem contar as mais de 400 milhões de toneladas de CO2 jogadas na atmosfera pelo sistema bancário tradicional.
Além de gastar muito menos energia, o Bitcoin tem uma propriedade que o mercado financeiro não possui: a flexibilidade. Tudo que um minerador precisa para operar são seus supercomputadores, energia barata e internet rápida, podendo realocar suas operações de maneira relativamente simples. Enquanto que as enormes estruturas físicas e administrativas do sistema financeiro estão enraizadas e são de dificílimas mudanças.
“Bitcoin é a chave para um futuro de energia limpa e abundante”<a href="#_ftn4" name="_ftnref4">[4]</a>, este é o título de um artigo de outro bilionário da tecnologia. Este também gosta de twittar, afinal ele é o CEO do Twitter, Jack Dorsey. Sustenta-se que, ao combinar mineradores com energias renováveis, há melhora nos retornos para investidores e desenvolvedores. Eles serão mais lucrativos movendo seus projetos para fontes solares e eólicas.
Existem, por exemplo, mineradores de Bitcoin baseados em países como Islândia e Noruega, onde a maior parte da produção de energia vem de fontes renováveis. Essas fontes são mais baratas que as poluentes. Há um ganho duplo, fica mais acessível para o minerador operar seu negócio e ainda o Bitcoin produzido é sustentável. E como as grandes empresas, como a Tesla, prezam pelo meio ambiente, pode-se surgir uma tendência de que mais Bitcoins “verdes” surjam. Assim, o jogo vai virar a favor do ecossistema, tanto ambiental quanto inovador.
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}, 3000);
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<hr />
<a href="#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> https://www.bbc.com/news/technology-56844813
<a href="#_ftnref2" name="_ftn2">[2]</a> https://fortune.com/2021/04/27/tesla-tsla-bitcoin-btc-bet-how-much-has-it-made-elon-musk-profits/
<a href="#_ftnref3" name="_ftn3">[3]</a> https://bitcoinmagazine.com/culture/comparison-of-bitcoins-environmental-impact
<a href="#_ftnref4" name="_ftn4">[4]</a>
https://assets.ctfassets.net/2d5q1td6cyxq/5mRjc9X5LTXFFihIlTt7QK/e7bcba47217b60423a01a357e036105e/BCEI_White_Paper.pdf

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JOTA

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