Luiz Fernando

Desde que assumiu a condição de candidato, o governador Tarcísio de Freitas deixou claro que um de seus principais projetos era entregar a Sabesp à iniciativa privada. Fundada em 1973, a empresa atende mais de 28 milhões de habitantes em 375 municípios do estado de São Paulo.  
Atualmente, a Sabesp é a maior empresa de saneamento da América Latina, a terceira maior do mundo e há mais de 20 anos não dá um real de prejuízo aos cofres públicos. Muito pelo contrário: colocou vários bilhões na forma de dividendos para que o governo use esse dinheiro para investir, além de distribuir bilhões de lucros aos seus acionistas. Apenas em 2022, por exemplo, foram R$ 3 bilhões de lucro líquido!  
Temos feito uma luta muito grande na <a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/alesp">Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo</a> e junto à sociedade para barrar essa privatização, já que motivos não faltam para desconsiderar essa proposta absurda. Além de prestar um bom serviço (que, obviamente, pode ser melhorado), a empresa também cumpre importante função social.  
A Sabesp trabalha com o “subsídio cruzado”, onde atende igualmente os municípios que dão lucro e aqueles que dão prejuízo, tudo em nome do interesse público, do abastecimento de água e coleta de esgoto para todos. Esse modelo, nas mãos da iniciativa privada, com certeza vai acabar: o objetivo final na iniciativa privada sempre será o lucro acima de qualquer outra necessidade. A tarifa social, que garante conta mais baixa para a população de baixa renda, também corre sérios riscos.  
Quem ainda tem dúvida sobre a privatização de um serviço essencial como esse pode pensar “mas o mundo inteiro privatizou”. Sim, é verdade. Mas praticamente o mundo inteiro voltou ou está voltando atrás (basta fazer uma pesquisa rápida no Google para ver os locais que estão reestatizando o saneamento básico).  
Desde o início dos anos 2000, países como Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Argentina, África do Sul, França, Reino Unido, Espanha e muitos outros privatizaram os serviços de água e esgoto. O resultado: os atendimentos pioraram e as tarifas aumentaram muito. Em todos esses países a prestação do serviço voltou ou está voltando para as mãos do governo, que tem como prioridade o interesse público, o saneamento básico e a saúde pública, não o lucro.  
Essa onda de reestatização é explicada pelo interesse principal da iniciativa privada. Ela quer operar nos grandes municípios, nas regiões metropolitanas e nas áreas mais ricas, onde já existem estruturas organizadas. São locais em que o sistema funciona e os investimentos na captação e tratamento da água e do esgoto não precisam ser altos.   
É a lógica de gastar pouco e ganhar muito.  
Mas um assunto desse não pode ser tratado de qualquer jeito. O Governo do Estado precisa colocar na cabeça que água não é mercadoria, mas sim necessidade e direito da nossa população.  
A luta tem sido árdua, mas continuaremos resistindo contra qualquer desmonte, sempre ao lado de quem mais precisa.

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JOTA

Governo de SP precisa colocar na cabeça que água não é mercadoria, mas sim necessidade e direito da nossa população

A quem interessa vender a Sabesp?

Sabesp: Governo de SP precisa colocar na cabeça que água não é mercadoria, mas sim necessidade e direito da nossa população