Apollo 13 foi a sétima missão tripulada do programa espacial norte-americano e a terceira destinada a pousar na Lua. A nave foi lançada em 11 de abril de 1970, mas o pouso lunar foi abortado depois que um tanque de oxigênio, no módulo de serviço, falhou no segundo dia da missão. No filme que conta essa saga, há uma cena icônica que começa com o famoso: “Houston, we have a problem” (Houston, nós temos um problema). Os controladores da missão usaram todo o conhecimento possível e conseguiram improvisar uma solução.
Para tanto, foram convocados os melhores profissionais, da Nasa e de suas parceiras, e colocados em uma sala, com todos os objetos que estavam disponíveis à bordo. O líder da missão deu uma ordem simples: encontrem uma solução para consertar o sistema de oxigênio, de modo que possamos trazer a tripulação de volta. E arrematou com uma frase, que também se tornou conhecida: “Failure is not an option” (falhar não é uma opção). A tripulação deu a volta na Lua e retornou com segurança à Terra em 17 de abril. A missão da nave Brasil foi decidida em 30 de outubro e iniciará sua jornada no começo de 2023.
O objetivo maior da missão está claro e recebeu da maioria dos eleitores os votos necessários para vencer o opositor, por margem muito apertada. Foram pouco mais de 2 milhões de votos em um universo de 156 milhões de eleitores. O comandante Luiz Inácio Lula da Silva e seu escudeiro Geraldo Alckmin deixaram claro, desde o início e o tempo todo, que a meta síntese da candidatura era combater a pobreza e retirar a população brasileira da linha de miséria. Encerrado o pleito é atribuído a Alckmin liderar o grupo de transição. Ele convoca os melhores técnicos, de todas as especialidades, de distintas origens, com visões diversas para compor o grupo. A eles é dada a tarefa de desdobrar a meta síntese, compondo objetivos para cada área de modo que o sonho da nova administração seja alcançado.
Está claro que não é possível combater a pobreza sem transformar nosso sistema de ensino, sem fortalecer o SUS, sem gerar emprego, sem considerar uma economia de baixo carbono, sem proteger o meio ambiente, sem cuidar de um sistema de proteção social e sem garantir estabilidade fiscal e controle sobre as finanças públicas, entre tantos outros. Não há razões para desacreditar na capacidade de nossa inteligência e na capacidade técnica dos nossos. Claro que existem soluções possíveis, mesmo considerando todas as restrições.
O que Lula tem dito desde então, com a monotonia de um líder que, tal qual Ulisses na Odisseia, evita escutar o canto das sereias, é que o combate à pobreza é a meta síntese de seu governo. O que tem feito Alckmin desde a proclamação dos resultados é escolher os melhores profissionais para compor o grupo de transição. Há enorme diversidade no grupo, o que é elogiável. Apesar do burburinho do mercado e de reclamações de quem percebe que certos privilégios serão descontinuados, ainda é muito cedo para dizer “Brasília, temos um problema”, mas o que todos nós já sabemos é que “falhar não é uma opção”.