Marco Orosz

Tiago Crespo

Não foram poucos os que se arriscaram, ao longo de séculos, a tentar definir o que seria a <a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/etica-corporativa">Ética</a>, alguns indicando ser o ramo da filosofia que tem por objetivo refletir sobre a essência dos princípios, valores e problemas fundamentais da moral, tendo como base as normas consideradas universalmente válidas e que norteiam o comportamento humano.
Segundo Wagner Giovanini, em ‘<a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/compliance">Compliance</a>, A excelência na prática’, “a Ética assume um caráter universal (livre das práticas culturais dos povos). Busca a coerência entre os meios e os fins dos costumes, das condutas e das leis. Ela não visa interesses individuais, e sim valores universais, buscando sempre o bem comum”.
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Mario Sergio Cortella, filósofo, escritor e professor brasileiro, afirma ainda que “ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes questões da vida: ‘(i) quero?; (ii) devo?; (3) posso?’. Nem tudo o que eu quero eu posso, nem tudo o que posso eu devo e nem tudo que eu devo eu quero.”
Sem querer chegar à melhor ou a mais respeitada definição, o que se propõe aqui, todavia, é uma breve reflexão sobre a ética corporativa, a ética que permeia o ambiente das empresas, a ética aplicada aos negócios.
Desta forma, podemos entender a ética corporativa como o conjunto de princípios que regem a conduta de uma empresa, os quais, via de regra, visam o bem e geralmente estão refletidos na sua ideologia (propósito, visão, valores, missão) e reunidos em um código de conduta ou documento similar.
No ambiente corporativo, a ética está ligada às condutas individuais dos profissionais e, também, ao papel da empresa perante a sociedade, o que inclui a forma como a companhia e seus colaboradores se relacionam com seus stakeholders, pressupondo que irá cumprir os seus deveres sociais e fiscais, sem se prevalecer de forma ilícita ou imoral.
Se o comportamento ético pode ser entendido como o caráter humano no qual as pessoas se baseiam para fundamentar suas decisões e ações, em uma visão simplista, a ética empresarial seria o que determina a conduta dos colaboradores dentro das empresas.
É com base nesses princípios gerais que todas as ações de uma empresa devem ser geridas, da interação com seus colaboradores, clientes, prestadores de serviço, consumidores, até a interlocução com a Administração Pública e a sociedade em que está inserida.
A ética empresarial deve ser um dos pilares que sustentam a identidade e a cultura de uma empresa, e sempre deve ser levada em conta para qualquer decisão, seja comercial, estratégica ou operacional.
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A presença de uma linha de conduta ética, correta, do bem, fará com que a execução do objeto social da empresa naturalmente vá além do mero atendimento às exigências legais. Em um ambiente ético, saudável e seguro, fazer o que a Lei manda passa a ser pressuposto e não um diferencial, e a própria empresa (leia-se, seus colaboradores) buscará fazer mais e além. Retornando ao pensamento de Cortella, “você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é, ao mesmo tempo, o que você pode e o que você deve”.
O mercado reconhece ainda que empresas que se conduzem (realmente) por princípios éticos geram a atração e retenção de talentos, proporcionam acesso a capital e investimentos, fidelizam clientes, almejam responsabilidades ambientais e sociais diferenciadas e geram impacto positivo, protegem sua reputação, e reduzem seus riscos, além de se prepararem melhor para enfrentamento de crises.
Referência mundial, anualmente o Ethisphere Institute, com sede no Arizona, Estados Unidos, promove a avaliação de centenas de empresas pelo mundo para, ao final, reconhecer as que se destacam e promovem as melhores práticas em ética corporativa.
Por meio de uma plataforma, o Ethics Quotient, o Ethisphere Elenca mais de 200 perguntas sobre cultura, práticas ambientais e sociais, atividades éticas e de conformidade, governança, diversidade e iniciativas que visam fomentar uma cadeia de valor robusta, passando por 5 itens gerais de avaliação: gestão de terceiros, governança, impacto ambiental e social, cultura da ética e programa de ética e conformidade.
O conjunto das disposições internas que endereçam o tratamento de temas como os acima citados, e que visam criar e manter um ambiente ético, quando efetivamente aplicados ao dia a dia da empresa, é o que se costuma chamar de programa de conformidade, ou compliance, como é mais conhecido corporativamente.
Um programa de compliance, alinhado com o apoio da alta administração e uma genuína cultura organizacional ética tende a ser o suficiente para garantir estabilidade, bons resultados na gestão humana e perenidade para uma empresa.
Vale dizer, todavia, que levantamentos em ambientes corporativos costumam indicar que de uma massa de colaboradores, via de regra, aproximadamente 10% tendem a não seguir regras e normas internas (são considerados de alto risco), 10% devem seguir fielmente (são considerados de baixo risco) e 80% agem de acordo com o que entenderem adequado oportunamente.
Considerando que os extremos tendem a não mudar, é nesses 80% que uma empresa deve dedicar seus esforços para a conscientização sobre a ética corporativa. Por essa razão, é relevante que a alta administração de cada empresa entenda quais são os valores fundamentais daquela organização e estabeleça processos e controles claros que sejam capazes de externá-los na prática, até que se tornem parte da cultura de cada colaborador.
Fato é que não há nenhum ponto negativo em se priorizar uma gestão baseada na ética em uma empresa. Se feita com vontade e dedicação, não vai custar mais caro e não vai dar mais trabalho. Pelo contrário, a curto prazo já vai se provar a melhor providência para garantir a subsistência de uma corporação.

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JOTA

Se feita com vontade e dedicação, gestão empresarial baseada em ética não vai custar mais caro e não vai dar mais trabalho

23 de fevereiro: o Dia Internacional da Ética

Não foram poucos os que se arriscaram, ao longo de séculos, a tentar definir o que seria a Ética, alguns indicando ser o ramo da filosofia que tem por objetivo refletir