Redação JOTA

Em três dias, o Supremo foi de herói a vilão nas redes sociais do País em razão das duas decisões conflitantes sobre a permanência do senador Renan Calheiros na Presidência do Senado. A controvérsia movimentou as redes nas últimas 48 horas, com mais de 85 milhões de visualizações de notícias relacionadas à controvérsia jurídica.
Na segunda-feira, o ministro Marco Aurélio foi alçado aos trending topics ao decidir, liminarmente, tirar Renan Calheiros do cargo. Na terça-feira, dia seguinte à concessão da liminar, 85% dos comentários às notícias compartilhadas eram favoráveis ao Supremo.
Os principais elogios foram feitos, evidentemente, ao ministro Marco Aurélio, autor da decisão liminar. Foi tratado como “herói” pelos internautas. Seu nome foi citado em 4,6% dos comentários feitos às publicações. Em número de menções, só perdeu para o senador Renan Calheiros, mencionado em 11,5% das referências.
Na terça, 74% dos comentários eram favoráveis ao ministro Marco Aurélio. Nas manifestações nas redes, os internautas diziam que ele demonstrou dignidade ao atender à voz das ruas. Isso mostra que os internautas relacionaram diretamente a decisão do ministro às manifestações públicas do final de semana, cujo alvo principal foi o senador Renan Calheiros.
Os outros 26% de comentários foram negativos, pois enxergaram na liminar que afastou Renan uma forma de beneficiar o PT. Afinal, quem assumiria o cargo com a saída do presidente da Casa seria o senador Jorge Vianna, do PT.
Na quarta-feira, o cenário mudou. A liminar do ministro foi submetida ao plenário do Supremo e foi derrotada pelo placar de 6 votos a 3. A maioria dos ministros entendeu que Renan Calheiros, mesmo sendo réu em ação penal, poderia permanecer no cargo de presidente do Senado. Só não poderia assumir a Presidência da República nos casos em que o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estivessem em viagem ao exterior, por exemplo.
No day after da decisão, os comentários nas redes sociais foram negativos na sua quase totalidade – 93% dos internautas criticaram o desfecho do caso.  Para os internautas, o STF ficou “desmoralizado” e teria tomado essa decisão porque os ministros têm “rabo preso com políticos”.
"A palavra “vergonha” foi utilizada em 10% dos comentários com esse sentido”, aponta a pesquisa feita pela<a href="http://www.veto.ag/"> empresa de inteligência digital Veto </a>e encomendada pelo JOTA. Nem o ministro Marco Aurélio foi poupado. Apesar das citações a seu nome terem diminuído drasticamente – apenas 2,9% das menções -, 69% das referências ao magistrado foram negativas. O ministro teria saído “desmoralizado” do episódio, disseram estes internautas. Outros 32%, porém, mantiveram apoio ao ministro Marco Aurélio.
A presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, que comandou no STF as articulações para tentar debelar a crise, também foi alvo das redes. Apesar das poucas referências – 0,6% -, 95% delas foram negativas. “O público nas redes se disse ‘decepcionado’ com a presidente do STF, que teria “traído” suas expectativas e ‘manchado sua reputação’,  não ‘honrando seu discurso’ de fazer valer a Constituição”, informa a pesquisa.
O ministro Dias Toffoli foi severamente criticado nas redes, apontado como um dos responsáveis pela decisão em prol de Renan Calheiros. O ministro Gilmar Mendes, que não participou do julgamento, mas de fora do País também atuou para contornar a crise, foi alvo de comentários negativos em 97% das manifestações que citavam seu nome.

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