Márcio Falcão

Em suas colaborações premiadas na Lava Jato, ex-integrantes da cúpula da Odebrecht afirmaram que os políticos tinham padrinhos na empreiteira e que os aportes financeiros seguiam uma espécie de tabela, de acordo com a hierarquia dos cargos. 
Ex-presidente da construtora, Marcelo Odebrecht contou aos procuradores que a relação com os políticos era feita pelos padrinhos, que tratavam das doações e também dos interesses da empresa no Congresso. 
Segundo Marcelo, Claudio Melo FIlho, ex-diretor de Relações Institucionais, tinha boa influência. O empresário citou como exemplo o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), que costurava as tratativas com Emílio Odebrecht, patriarca do grupo, e Claudio. Ele destacou que Geddel tinha forte influência na empresa. 
"Em alguns casos eu sabia a magnitude do pagamento. Geddel e um cara que sempre apoiou a gente. Se pegar as candidaturas [dele], eram valores a mais do que a gente pagava normalmente a senador e a deputado", disse. 
O ex-ministro Jaques Wagner tratava com Claudio, com um diretor local da empresa e também com representante da Brasken que "tinha peso grande na Bahia". 
Marcelo ainda destacou que Edison Lobão (PMDB-MA) era um parlamentar que a empresa ajuda muito tratava com Airton Reis e Claudio. O herdeiro da Odebrecht afirmou ainda que não conhecia muito os apelidos dos políticos, mas que tinha ciência que Lobão era chamado de esquálido. De acordo com a delação de Henrique Valadares, o ex-ministro recebeu R$5,5 milhões em propina para rever o leilão da usina de Jirau.
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Em outro depoimento, Alexandrino Alencar falou aos investigadores sobre sua relação com os políticos e afirmou que a Odebrecht tinha uma faixa de preços de doações que levava em consideração os cargos. Ele contou que isso influenciava inclusive o uso ou não de caixa dois.Alencar citou como exemplo da tabela que para os deputados federais o limite era de R$50 mil, enquanto para os estaduais era algo em torno de R$ 30 mil.
Candidatos ao governador ganhavam entre R$ 100 mil e R$ 200 mil, enquanto senadores recebiam de R$ 80 a R$ 100 mil. A presidencial era fechada pela cúpula da empresa, no caso pelo ex-presidente Marcelo Odebrecht.
Em relação ao caixa dos, o ex-executivo explicou que "ou era um deputado estratégico ou tinha alguma contrapartida já bem explícita".
Ex-diretor da empreiteira, Benedicto Júnior apresentou ao MP uma tabela que revela repasses via caixa dois para 179 políticos, que teriam recebido entre 2008 e 2014 R$ 246 milhões.
Entre os citados, estão o do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que lidera a lista com quase R$ 62 milhões em caixa dois e o ministro da Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab com R$ 21 milhões.
Responsável pelo setor de propinas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas revelou aos procuradores que jogou seu computador pessoal no mar, em Miami (EUA).
"Marcelo vivia enchendo o saco da gente para não guardar nada no nosso, e quando ele foi preso, no dele tinha tudo. Então, eu não tinha, não tinha. Não era meu costume", afirmou. "Joguei fora o meu computador, até chateado, porque não consegui tirar minhas coisas pessoais", declarou.

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JOTA

Doações iam de R$ 30 mil a R$ 200 mil pelo cargo e faixa influenciava caixa 2, segundo delatores

Políticos tinham padrinhos e tabela de preço na Odebrecht

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