O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu à então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, todos os processos de licitação envolvendo a Petrobras e a empresa Queiroz Galvão, uma das investigadas na Operação Lava Jato. O pedido foi feito em 13 de março de 2003, no começo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O deputado pediu cópia de “todos os contratos existentes entre a Petrobras e a empresa Queiroz Galvão. Desde 01/01/95 até a presente data, incluindo o inteiro teor do processo licitatório”. O pedido, portanto, focou em todo o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) e nos primeiros meses do governo Lula.
Na Lava Jato, um dos presos foi o diretor-presidente e membro do conselho de administração do Grupo Galvão, Dario de Queiroz Galvão Filho. O deputado Eduardo Cunha foi denunciado hoje pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal. Se aceita a denúncia, ele responderá por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção.
O pedido de Cunha, enviado por fax para o ministério às 23h04 do dia 19 de março, focou apenas na Queiroz Galvão e excluiu outras grandes empresas investigadas agora pela Polícia Federal e Ministério Público Federal na operação Lava Jato.
No caso da Odebrecht, Cunha fez um convite para o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, para que ele explicasse o episódio envolvendo o governo do Equador e a Odebrecht. A crise diplomática foi gerada depois que o governo equatoriano expulsou a empresa brasileira do país, por conta de acusações de problemas na construção da hidrelétrica San Francisco, financiada com dinheiro do BNDES.
Doações 
Na primeira eleição pelo PMDB e depois da série de pedidos a Dilma sobre Petrobras, Cunha recebeu, em 2006, diferentes doações de empresas com interesse no setor de óleo e gás. Todas estão registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ele recebeu R$ 15 mil do banco Prosper, que era do grupo que foi controlador da refinaria de Manguinhos. A Odebrecht, que não havia doado a Cunha em sua primeira eleição para deputado federal, em 2002, contribuiu com R$ 40 mil.
O congressista também recebeu da Concremat, que em 2006 foi contratada para desenvolver os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima), com vistas ao licenciamento do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A Gasoil serviços doou R$ 250 mil.
O JOTA publica com exclusividade a série Ovo da Serpente, revelando centenas de documentos em que o atual presidente da Câmara pedia informações da Petrobras e da então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, sobre os negócios da estatal. Veja abaixo os documentos citados neste capítulo:
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JOTA

Deputado recebeu doações de empreiteiras após pedido de informações à então ministra de Minas e Energia

Ovo da Serpente: Cunha pediu a Dilma contratos da Petrobras com Queiroz Galvão

Deputado recebeu doações de empreiteiras após pedido de informações à então ministra de Minas e Energia