Redação JOTA

Afinal o tal “jeitinho” brasileiro faz bem ou mal ao Brasil? Esse foi o centro de um debate descontraído entre ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e o filosofo americano Michael Sandel no último sábado na Brazil Conference, evento organizado por alunos de Harvard e MIT.
Para Barroso, a característica, que em sua opinião traz consequências negativas ao país, pode ser resumida da seguinte maneira: “O jeitinho brasileiro é um jeito informal de resolver problemas, usando de recursos variados, que vai do charme à corrupção”.  Em outras palavras,  seria uma forma de “personalizar relações pessoais e institucionais”.
O ministro, <a href="https://jota.info/especiais/etica-e-jeitinho-brasileiro-10042017">que disponibilizou ao JOTA o texto que preparou para sua apresentação</a>,  apontou três características negativas existentes no Brasil, que começa na vida privada e transportada para a vida pública: a improvisação, o nepotismo e a desigualdade. “O problema do Brasil não é só a corrupção, mas essa ideia de que tudo vai dar certo com um sorriso”.
"As críticas, no entanto, não podem ser vistas com pessimismo", disse Barroso para a plateia variada - desde estudantes até empresários, como Nizan Guanaes e Jorge Paulo Lemann -, mas o reconhecimento de um problema que precisamos resolver.
O ministro finalizou sua palestra lembrando de outras batalhas vencidas pelo Brasil no passado - a ditadura militar, a inflação e a extrema pobreza. “Nós vencemos batalhas que pareciam impossíveis. A corrupção não é invencível”.
Michael Sandel, por sua vez, fez algumas provocações ao ministro e à plateia. “Como fui convidado a um debate e percebo que o ministro Barroso apresenta críticas ao jeitinho brasileiro, sinto que fico na posição de ter que defende-lo”, disse, provocando riso aos presentes.
Em sua apresentação, no entanto, o filósofo fez muitos questionamentos. Contou, por exemplo,  uma história para tentar trazer à vida real. “Outro dia fui a Washington-DC e gostaria de visitar um novo museu, cuja entrada é gratuita, mas que está muito concorrido para visitar”. Sandel contou que os ingressos são distribuídos no início da manhã e chegar um minuto atrasado significa perder o ingresso”.
“Liguei então para um juiz, amigo, meu que participa da organização do museu perguntando se ele não tinha ingressos, com o objetivo de furar fila. E ele me disse que não poderia fazer isso. Me pergunto, será que ele poderia?”.
O professor mostrou, então, um vídeo de sua participação no programa Caldeirão do Huck em que discutiu a a Lei Seca brasileira e se é correto ou não avisar amigos sobre a existência de uma blitz, por telefone ou mesmo por redes sociais. Também perguntou à plateia se as pessoas achavam correto comprar ou vender camiseta do flamengo não oficial ou filmes piratas. Deixou poucas respostas, mas muitas reflexões.

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JOTA

Filósofo de Harvard e ministro do STF discutiram o tema no último sábado na Brazil Conference 

O jeitinho brasileiro, Barroso e Sandel

Filósofo de Harvard e ministro do STF discutiram o tema no último sábado na Brazil Conference