Felipe Recondo

Márcio Falcão

Os novos diálogos da JBS que provocaram a abertura de um processo de revisão do acordo de delação premiada envolvem a conversa de delatores discutindo uma possível gravação do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Segundo fontes, o objetivo dos delatores era arrancar de Cardozo possível constrangimentos a ministros do Supremo Tribunal Federal.
Ex-ministro da Justiça e da Advocacia Geral da União, Cardozo tinha bom trânsito com vários ministros do Supremo. Na gestão do ministro Ricardo Lewandowisk na presidência do tribunal, o petista fazia reuniões frequentes na Corte. Em meio a esses diálogos, há uma referencia nominal à atual presidente do STF, Cármen Lúcia, e ainda indicações sobre três ministros, que seriam sobre Marco Aurélio Mello,  Gilmar Mendes e Lewandowski. Sobre Cármen, eles comentam proximidade de Cardozo com a ministra.
O plano, no entanto, não teria avançado e os delatores desistiram da ideia. Para os investigadores, as menções dos delatores aos integrantes do STF seriam "bravatas".  De acordo com fontes, metade do áudio é sobre essa articulação envolvendo Cardozo.
A principal questão a ser esclarecida pelos delatores da JBS à PGR, admitem advogados da empresa, será esclarecer a relação que mantiveram com o ex-procurador Marcelo Miller. Ele teria orientado o grupo informalmente nas negociações iniciais para a delação.
De acordo com fontes ligadas à JBS, a gravação que pode levar ao cancelamento do acordo de delação premiada não foi entregue por engano à PGR. Os executivos avaliaram que o áudio poderia ser recuperado pela Polícia Federal e se adiantaram
A  principal questão a ser esclarecida pelos delatores da JBS à PGR, admitem advogados da empresa, será a relação que mantiveram com o ex-procurador Marcelo Miller. Ele teria orientado o grupo informalmente nas negociações iniciais para a delação.
A prática pode configurar crimes, como exploração de prestígio, e ato de improbidade administrativa. A conversa foi gravada por Joesley e Saud e ocorreu durante acertos sobre fatos que iriam delatar sobre o senador Ciro Nogueira (PP-PI). O áudio tem quatro horas de duração e foi repassado aos investigadores como se fosse prova contra Ciro. Entre conversas sobre questões pessoais, eles teriam implicado fatos sobre Miller e também sobre agentes do Supremo Tribunal Federal.
Essa movimentação de Miller para orientar a JBS teria ocorrido enquanto ainda era procurador. 
Miller deixou a Procuradoria em março e foi trabalhar no escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe, que representou a holding J&amp;F durante parte das negociações que levaram ao fechamento de acordo de leniência da JBS. Pelo acordo, o colaborador está obrigado a falar sobre todas as condutas criminosas de que tem conhecimento.

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JOTA

Para investigadores, menções a integrantes do Supremo seriam bravata

JBS discutiu gravar Cardozo sobre ministros do STF

Para investigadores, menções a integrantes do Supremo seriam bravata