Redação JOTA

De perto, o “radical” pró invasões e poligamia deve ter parecido normal para o bispo Marcello Crivella do PRB e da Igreja Universal, de quem recebeu palavras afetuosas e a quem elogiou por “bem aventuranças”.
Por semanas, Luiz Edson Fachin foi pintado (a partir de seus atos e palavras) como arauto do fim da propriedade privada no campo, petista apaixonado e defensor do direito das amantes. Nesta terça, ele mostrou aos senadores a face amigável de um homem de origem humilde, um lutador criado em ambiente religioso, devoto da família e crente no conceito de que a vida começa na concepção (logo, contrário ao aborto e pesquisas com células-tronco embrionárias).
<a style="color: #ff0000;" title="Fachin: Nem encanto, nem escândalo" href="https://www.jota.info/fachin-nao-encantou-nem-escandalizou">Fachin: Nem encanto, nem escândalo</a>
As declarações fizeram as redes sociais, nas quais Fachin brilhou de forma meio desastrada nos últimos dias, se deslocaram um pouco em seu eixo de hashtags #FachinSim e #FachinNao - esta, boa parte do dia entre os trending topics nacionais, apesar do site e perfis de apoio no Facebook, Flickr, YouTube, Twitter e Medium.
Afinal, quem estava se apresentando à CCJ era um hipócrita? Ele estava representando diante do Senado? A imagem anterior de progressista radical era injusta? O próprio Fachin forneceu uma possível chave: as atividades acadêmicas levam muitas vezes às fronteiras das discussões, a enfrentar questões controvertidas que um um juiz deve avaliar através da lei e da jurisprudência. São mundos diferentes.
Da mesma forma, disse que a infância pobre na lavoura e o amadurecimento na redemocratização deram-lhe um senso de justiça em relação à terra, mas o Direito circunscreveu esse senso às regras constitucionais da propriedade e liberdade, nas quais ele afirmou acreditar.
A controvérsia em relação à advocacia privada enquanto era procurador no Paraná é técnica demais, localizada demais, para despertar paixões. Há interpretações jurídicas para uma e outra conclusão, e o espaço da dúvida é grande o suficiente para abrigar suas explicações contestadas. Acadêmico e jurista, Fachin foi também político ao elogiar os senadores, um a um. Até Jader Barbalho, a quem louvou pela "sabedoria e experiência" e disse admirar.
No fim, é a política, mais que as qualificações constitucionais e intelectuais que vão definir o futuro de Fachin. E poucos senadores estarão pensando nele ou no Supremo ao votar no plenário - o pensamento estará no outro lado da Praça dos Três Poderes.
<a style="color: #ff0000;" title="Veja as análises e bastidores da sabatina de Fachin" href="https://www.jota.info/acompanhe-a-sabatina-de-fachin-para-o-stf-na-ccj-do-senado">Veja as análises e bastidores da sabatina de Fachin</a>

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JOTA

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