A carta “pessoal e confidencial” do vice-presidente, Michel Temer, entregue à Dilma Rousseff faz parte da estratégia de desembarque do PMDB. O plano vem sendo traçado desde que o impeachment da petista começou a ser discutido com mais veemência, entre agosto e setembro deste ano.
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Articulada entre o núcleo duro de Temer - formado pelo ex-ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha e o também ex-ministro Moreira Franco -, a carta começou a ser redigida na semana passada. A decisão de colocar no papel as frustrações do vice-presidente foi tomada depois que vazaram para a imprensa trechos da conversa que ele teve com a presidente Dilma na quinta-feira (4/12). No dia anterior, o peemedebista Eduardo Cunha (RJ) iniciou o processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
O primeiro passo da tática foi acertar a demissão de Padilha da SAC, dando a largada à sinalização cada vez mais intensa de distanciamentos de Temer do governo.
Plano
Fazia parte da estratégia fazer chegar a Dilma e aos jornais, durante o final de semana, conversas do peemedebista com aliados, nas quais ele reclamava da conduta da presidente. A entrega da carta completou o cenário, mas não encerrou o plano.
O próximo passo, ainda em planejamento pela cúpula peemedebista, comandada por Temer há quase 15 anos, é anunciar publicamente o desembarque, colocando os cargos ocupados hoje pelo PMDB à disposição do governo.
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Esse caminho é defendido por boa parte do partido. Foi assunto dominante do Congresso da sigla em novembro. Tem sido protelado pelos caciques que ainda acreditavam ser melhor a manutenção de ministérios e demais cargos até depois das eleições municipais, para só depois traçar a estratégia de abandono do governo, inclusive com vistas ao lançamento de candidatura própria em 2018.
O desgaste do governo motivado pela abertura do processo de impeachment se somou à fadiga de material acumulada desde o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff e pode ter antecipado o momento de saída total do PMDB.
A decisão final sobre o momento em que isso vai ocorrer, contudo, continua sendo analisada e discutida internamente.
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Sabe-se que, ao ser anunciada, haverá uma reação do Palácio do Planalto. O PMDB é o maior partido de sustentação do governo Dilma. Além da vice-presidência da República, tem as presidências da Câmara e do Senado e as maiores bancadas em ambas as Casas. Mesmo com as discordâncias comuns, não é de interesse do governo a saída do partido de seu lado.
Sabendo disso, o PMDB ainda não se decidiu. Vai deixar para bater o martelo depois de avaliar a reação do governo à carta do vice.
Reação
A carta de Temer teve efeito cascata no Congresso Nacional. Enquanto a ala da bancada peemedebista da Câmara que defende a presidente Dilma se espantou com a postura do vice, a parte contrária ao governo comemorou a postura e reconheceu no gesto um claro desembarque.
Deputados do núcleo defensor do impeachment de Dilma começaram, na manhã desta terça-feira, a recolher assinaturas para tirar o líder do PMDB na Casa, Leonardo Picciani (RJ), do cargo. Eles chegaram a se encontrar com Temer para pedir apoio, entre eles, Lúcio Vieira Lima (BA) e Darcísio Perondi (RS), e estão perto de conseguir as 34 assinaturas necessárias para conseguir derrubar o aliado palaciano.
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Picciani liderou as negociações com o Palácio do Planalto na última reforma ministerial e, ao se aproximar do governo, passou a ser visto com maus olhos por boa parte da bancada, que não se sentiu atendida.
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JOTA

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