<p dir="ltr">Em delação premiada, Diogo Ferreira, chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral, apontou a existência de uma negociação com o governo para que Marcelo Navarro ocupasse o cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça com a intenção de interferir na operação Lava Jato.</p>
<p dir="ltr">O depoimento reitera acusações feitas pelo ex-líder do governo no Senado em seu acordo de colaboração com a força-tarefa do Ministério Público Federal.</p>
<p dir="ltr">Ferreira apontou que em uma reunião no gabinete do então Ministro da Justiça e hoje advogado geral da União, José Eduardo Cardozo, que aconteceu antes da nomeação de Navarro, o senador Delcídio teria pedido os números dos habeas corpus impetrados em favor dos ex-diretores da Petrobras e Nestor Cervero e Renato Duque, e que ainda seriam apreciados pelo STJ.</p>
<p dir="ltr">Depois da reunião, disse Ferreira em delação, Delcídio teria esclarecido que havia a intençăo de obter de Marcelo Navarro "prestação jurisdicional favorável aos dois pacientes nos habeas corpus" [Nestor Cervero e Renato Duque]. Ferreira disse ainda que se comunicava com o ministro Navarro usando o aplicativo <em>WhatsApp, </em>fornecendo cópias das conversas aos investigadores.</p>
<p dir="ltr">“Segundo o Senador Delcidio do Amaral, a Presidente Dilma Rousseff falou expressamente em Marcelo Odebrecht; que o depoente ficou encarregado de fazer contatos corn Marcelo Navarro e usava o aplicativo WhatsApp para essa finalidade”, diz um trecho da delação. Ele "se recorda de uma, em 20/7/2015, uma segunda-feira, em que transmite a ele pedido do senador de que viesse a Brasilia para uma reuniăo; que, ao que se recorda, essa mensagem foi enviada logo depois do fim de semana em que o Senador encontrou a Presidente da Republica.”</p>
<p dir="ltr">A delação de Ferreira foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, no dia 14 de abril.</p>
<p dir="ltr">Procurado pela imprensa após a divulgação do acordo de Ferreira, o ministro do STJ reiterou o teor de nota divulgada em relação à delação premiada de Delcídio do Amaral. Nela, diz que quando postulou ingresso no STJ esteve com autoridades dos três Poderes da República, inclusive com Delcídio do Amaral, mas que não se comprometeu a nada, caso fosse indicado.</p>
<div dir="ltr">“Os contatos que mantive foram para me apresentar e expor minha trajetória profissional em todas as funções que exerci: Professor de Direito, Advogado, Promotor de Justiça, Procurador da República e Desembargador do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Nunca me comprometi a nada, se viesse a ser indicado”, afirmou.</div>
<div dir="ltr"></div>
<div><strong>Leia a íntegra da delação premiada de Diogo Ferreira:</strong></div>
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<div><span style="color: #222222;"><em>Indagado em relação aos fatos relacionados à NOMEAÇÃO DE MARCELO NAVARRO PARA O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, declarou: que conheceu o Ministra Marcelo Navarra no contexto do processo de sua escolha para Ministra do STJ; que o Senador Delcídio do Amaral determinou ao depoente que desse assistência ao então Desembargador Federal Marcelo Navarro quando ele comparecesse ao gabinete do congressista; que o Desembargador Federal Marcelo Navarro foi apresentado ao Senador Delcídio do Amaral pela Desembargador Federal Cid Marconi, da 5ª Região, então recentemente investido na magistratura pela quinto da advocacia, e o pela advogado Raul Amaral, prima do Senador; que o depoente não conheceu nenhum dos outros figurantes da lista tríplice, nem eles foram, ao que sabe o depoente, ao gabinete do Senador; que o Senador Delcidio do Amaral já tinha mantido interlocução com outros figurantes de lista tríplice para tribunais, mas o grau de atenção, assistência e interlocução dispensado pela Senador a Marcelo Navarro não teve paralelo; que Marcel Navarro esteve no mínimo três vezes no gabinete do senador, porque nessas ocasiões depoente estava lá e o cumprimentou; que houve ao menos mais dois encontros entre o senador Delcidio do Amaral e Marcelo Navarro, uma no cafe.do Senado e outra em um palácio presidencial; que essa frequência não tem paralela com outro pretendentes a vagas em tribunais; que o depoente tomou conhecimento pela Senador Delcidio do Amaral de que Marcelo Navarro estava sendo indicado com a finalidade especifica de libertar réus da Operação Lava Jata que eram importantes para o governo federal; que o Senador Delcidio do Amaral falou ao depoente, depois de uma reunião com o Ministro Jose Eduardo Cardozo, provavelmente em julho, no Ministério da Justiça, dessa finalidade, antes da nomeação de Marcelo Navarro; que o Senador contou ao depoente, depois dessa reunião, que ele e o então Ministro da Justiça precisavam atentar para a importância dessa nomeação, porque ela envolvia a substituição do Ministro convocado Trisotto e a relatoria da Operação Lava Jata; que a partir daí o Senador Delcidio do Amaral e o Ministro Jose Eduardo Cardozo passaram ater contato muito mais frequente; que, em determinado fim de semana, não distante no tempo da reunião que anteriormente narrada, o depoente se encontrou com o Senador Delcidio do Amaral no hotel Golden Tulip, onde este residia, e contou ao depoente haver tido, no mesmo fim de semana, encontro particular com a Presidente Dilma Rousseff, a qual lhe pedira, na ocasião, que obtivesse de Marcelo Navarro o compromisso de alinhamento com o governo para libertar determinados réus importantes da Operação Lava Jato; que, segundo o Senador Delcidio do Amaral, a Presidente Dilma Roussef falou expressamente em Marcelo Odebrecht; que o depoente ficou encarregado de fazer contatos com Marcelo Navarro e usava o aplicativo WhatsApp para essa finalidade; que o depoente oferece a relação de mensagens que trocou com Marcelo Navarro e se recorda de uma, em 20/7/2015, uma segunda-feira, em que transmite a ele pedido do senador de que viesse a Brasília para uma reunião; que, ao que se recorda, essa mensagem foi enviada logo depois do fim de semana em que o Senador encontrou a Presidente da República; que o Senador Delcidio Amaral disse ao depoente, pela menos duas vezes, que o então Ministro Jose Eduardo Cardozo lhe disse que Marcelo Navarro era ligado a Francisco Falcão, o qual também estava alinhado com o governo federal; que o depoente, coma assessor, não participava de reuniões entre autoridades, mas em uma reunião no gabinete do Ministro da Justiça, ocorrida antes da nomeação, quando Marcelo Navarro já estava "no circuito", o Senador Delcidio do Amaral, a certa altura, chamou o depoente ao interior do gabinete e lhe pediu, na frente do Ministro da Justiça, o número dos habeas corpus que tinham sido impetrados em favor de Nestor Cerveró e Renato Duque e estavam pendentes de apreciação no STJ; que o Senador esclareceu ao depoente, posteriormente, que havia a intensão de obter de Marcelo Navarro prestação jurisdicional favorável aos pacientes nesses habeas corpus; que, em uma ocasião, ao que se recorda o depoente depois do encontro do Senador com a Presidente Dilma Rousseff, Marcelo Navarro, quando deixava o gabinete do Senador Delcidio do Amaral, disse, ao despedir-se: "não se preocupe, esta tudo entendido"; que depois da posse de Marcelo Navarro o assunto não foi mais comentado. Nada mais havendo a ser consignado, determinou-se que fosse encerrado o presente termo às 15h27min que, lido e achado conforme vai por todos assinado.</em></span></div>
<p dir="ltr"><strong>Clique para ler a nota de Marcelo Navarro.</strong></p>
<p dir="ltr"><a href="http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/Not%C3%ADcias/Not%C3%ADcias/Nota-%E2%80%93-Ribeiro-Dantas" target="_blank">http://www.stj.jus.br/sites/<wbr />STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%<wbr />A7%C3%A3o/Not%C3%ADcias/Not%<wbr />C3%ADcias/Nota-%E2%80%93-<wbr />Ribeiro-Dantas</a></p>


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JOTA

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