Márcio Falcão

Em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se manifestou contra o pedido do ex-ministro Geddel Vieira Lima para que seja informado imediatamente quem é o dono do telefone usado para denunciar a existência de um bunker em um apartamento em Salvador onde foram apreendidos R$ 51 milhões.
Para a chefe do Ministério Público, "a ligação feita ao Núcleo de Inteligência Policial foi anônima, ou seja, o interlocutor não quis ser identificado. Se ainda a defesa fizer questão de saber qual o número ligou para Polícia Federal, e sendo isso possível, pode arrolar como testemunha, no caso de eventual ação penal, o policial federal subscritor da Informação Policial n° 15/2017, documento que, por sinal, apresenta-o como responsável pela informação repassada à autoridade policial presidente da investigação".
Segundo Dodge, após a ligação anônima, a PF optou por confirmar a credibilidade das informações por meio de ações de inteligência, com um trabalho discreto e sigiloso, sendo que eventuais identificações de interlocutores podem representar risco diante das apurações envolverem pessoas poderosas e de um cenário de macrocorrupção.
“ Registre-se, por oportuno, que a identificação das pessoas que forneceram indícios à polícia — considerado o contexto de uma investigação de macrocorrupção, lavagem de dinheiro milionária e poderosa organização criminosa formada por pessoas tão influentes politicamente — pode colocá-las em situação de grave risco pessoal, razão também a sustentar a denegação, diz o documento.
Para Dodge, "também por estas circunstâncias, Geddel Vieira Lima encontra-se e deve ser mantido preso.”
Segundo a procuradora-geral, a denúncia anônima  gerou diligências da PF que estão devidamente registradas, como entrevistas veladas com moradores do prédio em Salvador.
"Ainda em entrevistas, com emprego de estória cobertura, foi indicado que o apartamento 201 está alugado, mas ainda pertence ao dono de fato da Construtora Silveira, que também é o síndico do edifício, sr. Silvio Silveira. Foi colhida informação no sentido de que a pessoa que utiliza de fato a unidade 201 é o Sr. Geddel Vieira Lima, o qual o faz há algum tempo, sendo que lá deixaria pertences que remeteriam ao seu pai, Afrisio Vieira Lima."
"Neste sentido, tem-se que as informações colhidas em campo convergiram para a denúncia recepcionada pela Polícia Federal", completou o parecer.
A defesa de Geddel também pediu acesso às perícias de papiloscopia realizadas nas notas, onde foram encontradas digitais de Geddel e de assessores. Dodge não se opôs.
A PGR informou ainda ao STF que “em relação à afirmação de Job Brandão - ex-assessor da família Vieira Lima- de que entregava 70% de suas remunerações como assessor parlamentar ao deputado Lúcio Vieira Lima, adotará as providências necessárias no seu tempo certo.
A PGR defendeu que seja rejeitado pedido de Gustavo Couto, ligado à Geddel, para reduzir a fiança em 50%. O MPF identificou que ele aparece como sócio de quatro empresas, algumas delas não relacionadas em sua declaração de imposto de renda. Ele também teria omitido em sua declaração de imposto de renda, um veículo avaliado em R$ 79 mil.  "As condições financeiras de Gustavo são compatíveis e proporcionais a seu pedido de fiança de 50 salários mínimos, que ele próprio requereu. Portanto, Gustavo assumiu que pode pagar esse valor."
Dodge também quer que seja rejeitado pedido de Job Brandão para que seja expedido ofício à Câmara para explicar ao deputado Lúcio Vieira Lima que a decisão judicial não determinou a exoneração de JOB nem a suspensão de seu salário. "Os cargos em comissão são, pela Constituição Federal, de livre nomeação e exoneração. Por isso, a exoneração é, por essência, discricionária."

dinheirogeddel

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JOTA

PGR diz que no momento apropriado vai apurar entrega de 70% do salário do assessor

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