Felipe Recondo

<p>Não existe ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Aqueles que deixam o tribunal são “ministros de hoje e de sempre”. Porém, a própria corte está esquecendo dos seus ministros de hoje e de sempre.  Uma amnésia que, além de não valorizar a memória, viola o regimento interno do tribunal.</p>
<p>No último dia 11, o calendário marcava o centenário do nascimento do ministro Victor Nunes Leal (11/11/2014), um dos mais comemorados integrantes do tribunal, especialmente por ter sido o criador das súmulas e por sua clássica obra Coronelismo, Enxada e Voto.</p>
<p>A passagem da data foi ignorada. Foi lembrada nesta quinta-feira (13/11) pelo ministro Gilmar Mendes quando iniciada a sessão plenária. Em resposta, o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, afirmou que Victor Nunes será homenageado com a disposição de seu busto no salão de entrada do prédio principal do STF. Acrescentou que a tradição da Corte será respeitada.</p>
<p>A lista dos ministros esquecidos inclui dois aposentados pelo governo militar – além de Victor Nunes Leal, o ministro Evandro Lins e Silva (18/01/1912). Inclui ainda o ex-presidente do STF Gonçalves de Oliveira (13/09/1910) que, ameaçado também pelo governo militar, aposentou-se em solidariedade aos colegas cassados.</p>
<p>Há também ministros indicados pelo governo militar, incluindo um que foi pivô de um rompimento entre a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o STF. Quando Alfredo Buzaid (20/07/1914), ministro da Justiça do governo Médici, foi indicado para o STF, a OAB decidiu não enviar representantes para a cerimônia de posse.</p>
<p>Ainda no rol dos esquecidos estão os ministros Thompson Flores (26/01/1911), Antonio Neder (22/06/1911), Cunha Peixoto (8/12/1911), Clóvis Ramalhete (24/02/1912), Firmino Paz (16/07/1912) e Leitão de Abreu (6/07/1913).</p>
<p>Com essa fila pendente, algumas com quatro anos de defasagem, o tribunal terá de buscar uma forma de combinar a pauta sempre extensa de processos a espera de julgamento com um calendário de sessões destinadas aos discursos em homenagem aos “ministros de hoje e de sempre” a fim de o STF recobrar sua tradição. <iframe style="border: none;" src="https://e.infogr.am/os-esquecidos-736" width="550" height="846" frameborder="0" scrolling="no"></iframe></p>
<div style="width: 100%; border-top: 1px solid #acacac; padding-top: 3px; font-family: Arial; font-size: 10px; text-align: center;"><a style="color: #acacac; text-decoration: none;" href="https://infogr.am/os-esquecidos-736" target="_blank">Os esquecidos</a> | <a style="color: #acacac; text-decoration: none;" href="https://infogr.am" target="_blank">Create Infographics</a></div>


Brain jigsaw puzzle

https://images.jota.info/wp-content/uploads/2021/09/copy-of-jota-logo-high-cmyk.jpeg

JOTA

STF não homenageia ministros "de hoje e de sempre" desde 2010

A amnésia do Supremo Tribunal Federal

STF não homenageia ministros "de hoje e de sempre" desde 2010