O nascimento do primeiro partido criado pelos trabalhadores no Brasil é o tema do segundo episódio do Petecanos, a história de amor e ódio entre petistas e tucanos, podcast produzido pela F451 em parceria com o Jota. O episódio parte das greves de 1978, e mostra como a união entre sindicalistas, intelectuais e religiosos viabiliza a formação de um partido criado de baixo pra cima, “sem patrões”, como dizia seu primeiro manifesto.
“O que mais chama a atenção neste episódio é como o PT busca nascer se distanciando da esquerda tradicional brasileira, representada pelos comunistas, com muito mais foco na luta pela democracia e pela representatividade dos trabalhadores do que em ideais revolucionários”, diz o jornalista Caio Maia, que dirige o Petecanos.
Ouça o episódio 2 do podcast Petecanos, a história de amor e ódio entre petistas e tucanos
O papel das Comunidades Eclesiais de Base na formação da agremiação também aparece de forma importante neste episódio. Como diz o próprio Lula, em áudio resgatado pelo podcast: “Eu digo que eu sou na política um pouco filho do movimento sindical, um pouco filho do movimento social, e um pouco filho da Teologia da Libertação”. A participação de religiosos como Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Cláudio Hummes na organização dos trabalhadores mostra ao país uma nova face da igreja Católica, que no passado se aliara mais às causas conservadoras do que às lutas dos trabalhadores.
Outra voz relevante no episódio 2 é a de Teresa Lajolo, uma das primeiras eleitas pelo PT, em 1982. A ex-vereadora fala sobre o início do partido, mas lembra das dificuldades extras enfrentadas pelas mulheres, o que explica a baixa presença feminina nos movimentos políticos de então. “Tem um problema que se chama hora de trabalho, local de trabalho, e a casa, e os filhos. Certo? Então… Pra eu poder fazer o trabalho que eu fazia com as mulheres, eu só dava aula à noite”, diz.
O Petecanos conta essa história em 10 episódios semanais, no ar toda quarta-feira nas principais plataformas.