O cenário não é favorável para o presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso de haver segundo turno, avalia Cila Schulman, vice-presidente do instituto de pesquisa IDEA. “Os votos que estarão disponíveis são de oposição. E não vejo políticos do ‘centrão’ ou outros trabalhando por ele”, disse durante o GPS Eleitoral, programa do JOTA, em parceria com o Inteligência Financeira, que, neste domingo, acompanha ao vivo os rumos das eleições.
Ainda sem definição sobre o resultado da disputa à presidência da República, os resultados parciais e as pesquisas de intenção de voto indicam chances de reeleição dos atuais governadores em grande parte dos estados.
“Cerca de 20 governadores terão chance de se reeleger, agora ou em segundo turno. Curiosamente, boa parte deles melhoraram de avaliação ao se afastar do presidente, especialmente durante a pandemia, quando alguns que eram aliados passaram a fazer oposição. Esse foi o caso de Romeu Zema, em Minas Gerais”, avaliou ela.
Ela observou que os candidatos à reeleição não colocaram Bolsonaro em campanhas na TV mesmo quando eram aliados, por exemplo. “O resultado para o presidente fica aquém do que ele poderia por estar ocupando o cargo, até porque todos os presidentes anteriores conseguiram se reeleger”, disse.
Schulman enxerga que estas eleições terão pouca renovação no Congresso, que poderia até ser a menor da história. “A bancada do PT deve crescer, mas as maiores bancadas serão do ‘centrão'”, disse.
Em relação a Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), que têm menos chances de eleição, o desempenho deles pode indicar qual deve ser o caminho deles daqui em diante. “Pelo tom da campanha, Ciro Gomes pode ir mais para a direita para fazer oposição ao Lula, o que é surpreendente”, disse.
Neste sábado (1/10), as pesquisas mostravam uma indefinição quanto ao terceiro colocado. “Já Tebet poderá atingir o objetivo de ultrapassar Ciro e fica em uma boa oposição para assumir cargos no governo, mas o partido dela é dividido, o que pode ser delicado”, apontou.