Arthur Guimarães

As últimas pesquisas eleitorais indicaram um movimento de cristalização dos votos a presidente, principalmente ao redor das candidaturas de <a href="https://www.jota.info/eleicoes/lula-trajetoria-sindical-e-politica-ex-presidente-busca-derrotar-bolsonaro-eleicoes-2022-16052022">Luiz Inácio Lula da Silva</a> (PT) e <a href="https://www.jota.info/eleicoes/jair-bolsonaro-a-trajetoria-militar-e-politica-do-presidente-que-busca-a-reeleicao-13052022">Jair Bolsonaro</a> (PL). Contudo, a menos de um mês do primeiro turno das eleições, uma pauta pode modificar alguns votos em disputa — o debate sobre corrupção.
O assunto ainda mexe com o eleitorado que elegeu <a href="https://www.jota.info/eleicoes/jair-bolsonaro-a-trajetoria-militar-e-politica-do-presidente-que-busca-a-reeleicao-13052022">Jair Bolsonaro</a> para o Palácio do Planalto em 2018 e que hoje se encontra na dúvida, em cima do muro ou flertando com outros nomes, concentrado do eixo Sul-Sudeste do país. Ao mesmo tempo, o surgimento de novos escândalos envolvendo a figura do presidente da República e seus familiares reacendeu a indignação de militantes petistas. Mas jogar no campo da anticorrupção pode não ser um bom negócio para o Partido dos Trabalhadores.
“O que estou vendo nessa campanha é — porque ela se transformou numa competição de rejeição — que ninguém está discutindo os seus ativos políticos, está discutindo o passivo do outro”, disse Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA durante o ciclo de debates Eleições 2022, promovido pelo IRelGov. “Estamos discutindo quem é pior, que é uma competição de rejeição. Quando você traz a corrupção para o centro do debate, acho que tem uma tentativa das campanhas, mais da do Bolsonaro, você muda os parâmetros de comparação, porque o eleitor começa a pensar ‘quem roubou mais?’. Acredito que não é uma boa para o Lula.”
O PT experimentou isso no debate da última terça-feira (13/9), organizado pela Folha de S.Paulo, UOL e TV Cultura. Fernando Haddad (PT) questionou o governador e candidato a reeleição Rodrigo Garcia (PSDB) sobre uma suposta ligação com casos de corrupção envolvendo seu irmão. O peessedebista retrucou lembrando dos episódios que ocorreram no governo federal enquanto Haddad era ministro da Educação.
De acordo com Zambeli, a emergência de um debate anticorrupção é um dos únicos movimentos diferentes nessa eleição, sobre a qual já se tem uma perspectiva do que deve acontecer. A maior preocupação está centrada no que o analista-chefe chamou de “terceiro turno”, o pós-eleições. O cenário sobre como será o manejo da situação fiscal do país com as promessas de majoração dos valores do Auxílio Brasil, a reação do presidente Jair Bolsonaro a uma possível derrota nas urnas e a relação com Congresso não estão claros.
A presidente-executiva do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, afirmou que uma das estratégias para barrar eventuais problemas como questionamentos ao processo eleitoral é a de encerrar o pleito no primeiro turno. “Quem que vai questionar a idoneidade das urnas, com 513 deputados eleitos, 81 senadores eleitos, mais alguns governadores eleitos de primeiro turno?” Esse tem sido um dos argumentos da campanha de Lula nas redes sociais.
Para André Eler, diretor-adjunto na Bites, o PT enxergou que há um movimento orgânico de defesa da candidatura de Lula, mas ainda não entendeu como capitalizá-lo. “Basicamente o que vamos agora é um bolsonarismo muito organizado nas redes, ainda muito maior do que o PT. O PT tentando correr atrás e diminuindo essa distância todos os dias, mas sem a capacidade de direcionar tanto sua base para um discurso um pouco alinhado”.
Eler ressaltou que, na análise das redes bolsonaristas, o discurso aparece sempre em conformidade com os líderes mais próximos ao presidente. Isso não acontece com as redes petistas. O diretor-adjunto da Bites ponderou que hoje já não há uma controvérsia acerca da importância das plataformas digitais da política. O que existe é necessidade de articulação para transformar engajamento em votos, e, nisso, o bolsonarismo sai na frente.
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O Movimento Vem Pra Rua realiza manifestações em todo o país. O ato é em apoio à Operação Lava Jato e contra a corrupção e a forma de se fazer política no Brasil (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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JOTA

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