Leonardo Barém Leite

Você já pensou na real fragilidade da sua empresa e em quanto tempo ela correria o risco de ‘quebrar’? Acreditamos que não existam mais pessoas que acreditem que algumas empresas (até países) estejam, de fato, imunes a esse risco. E que sejam, ‘eternas’. Todas as empresas correm esse risco, e pode ser fundamental conhecer os principais fatores que de tão desastrosos poderiam gerar perda de valor tão rapidamente que talvez nem se conseguisse salvar.
Toda matriz de risco de boa qualidade mescla o impacto do risco e a probabilidade de sua ocorrência, o que já é de grande valia. E é preciso que todos a conheçam e pensem em sua melhoria contínua.
E, se todas as empresas correm o risco de desaparecer, e algumas (e a depender do problema e do seu alcance) tão rapidamente, que talvez não se tenha tempo de criar um plano de contingências “na hora”.
<ul class="jota-article__internal-links">
<li>+JOTA PRO: <a href="https://www.jota.info/pro/degustacao-poder">Entenda o cenário institucional com o JOTA Poder. Seguimos de perto tribunais superiores, agências reguladoras, Congresso, Poder Executivo e legislativos estaduais e municipais para reportar informações públicas de impacto. Experimente o serviço que tem ajudado empresas e atores do mercado financeiro! 
</a></li>
</ul>
Se o seu CEO morrer repentinamente, der uma declaração bombástica, for pego numa tremenda fraude, ou seu produto ou serviço causar um numero enorme de mortes, quanto tempo a empresa aguentará?
Algumas empresas de consultoria e revistas especializadas têm usado esse mote para levantar o debate sobre a efetividade da análise e da gestão de risco, e para alertar conselhos de administração sobre o seu efetivo papel e função.
Felizmente hoje já se estuda bastante esse tema e algumas empresas já o levam bastante a sério, sendo que em muitos casos ainda se pensa apenas em riscos externos ou corriqueiros, ou “normais”, e não se pensa por exemplo em desvios de governança, em CEOs que nem sempre pensam efetivamente no bem da empresa ou dos acionistas no longo prazo.
Esse tipo de risco, de um lado mais sutil, mas de outro talvez até maior e mais perigoso do que os “normais”, pode levar a sua empresa à lona - e em alguns casos bem rapidamente. Quem deve se preocupar com isso? Seria deve de quem? A boa governança corporativa nos ensinaria que todos os stakeholders se deveriam ocupar dessa questão, pois é responsabilidade de todos e afetaria a todos. Mas quem de fato disso se ocupa?
Teríamos mesmo Conselhos de Administração preparados para essa função e com esse foco, bem como com esse papel e com força para atuar preventivamente? Mesmo grandes investidores do mercado de capitais muitas vezes se preocupam “tanto mais” (que aparentam ser “apenas”) com a lucratividade, sem pensar no “a que preço” e a “que risco”. Alguns diriam que se (quando) o Conselho de Administração não cumpre essa função, talvez áreas ou comitês de governança ou de compliance o façam. Pode ser? Mas seriam apenas eles?
Por vezes, é mesmo complexo e difícil pesar a necessidade da autonomia e da agilidade da alta gestão “versus” a efetiva governança e gestão calculada do risco. Talvez tenhamos todos que perceber que TODAS as empresas podem quebrar, e rapidamente. Todas! De forma que devemos sim com esse risco nos preocupar e avaliar o apetite ao risco da nossa empresa e conhecer os fatores que seriam “desastrosos”.
Na sua empresa por exemplo, está bem claro para todos que algumas ações/atitudes do CEO, ou do Conselho, se mal calculadas podem levar a empresa “embora” rapidamente? Pode gerar falência, ou míngua, ou uma venda apressada, ou até intervenção (há vários caminhos possíveis para o fracasso total) – algo que na prática será o seu fim.
Temos, até mesmo no Brasil recente, alguns casos de empresas que por má gestão, ou por calculo equivocado dos riscos, economias erradas etc. ganharam as páginas policiais, inundaram ou até devastaram cidades... Algumas a um grau sem efetiva solução. Poderíamos mesmo dizer que não é tarefa ou função do departamento jurídico cuidar da própria existência da empresa?
Provavelmente teremos casos de colegas com essa afirmação concordarão de imediato, e casos de outros que sabiamente também dirão que “depende” do motivo pelo qual o jurídico foi contratado e a quem se reporta. Pode ser muito relevante e sábia essa questão. Se de um lado entendemos que sim, o jurídico deve ser um dos guardiões do negócio e portanto da empresa, de outro de fato (na prática) há empresas em que quem “coordena” o jurídico de fato lhe dá funções mais especificas e menos focadas no “bem maior”.
O mundo corporativo nos apresenta tantas alternativas e exemplos, que temos mesmo que ter consciência de que cada caso é um caso. Mas e na sua empresa? Sugerimos que o departamento jurídico conheça não apenas a matriz de risco e o que pode vir a ocorrer, como pense no que pode fazer preventiva e corretivamente. E desde já.
Esteja preparado para as crises, pois elas virão. E a depender da gravidade e do impacto, pode não haver o que fazer após a sua constatação, de maneira que pode ser extremamente mais importante do algumas das funções mais corriqueiras do departamento jurídico essa preocupação.
Essa, também, é uma das questões que você jamais poderá terceirizar por completo. Portanto, é sim assunto para o departamento jurídico. Que tal pensar um pouco nisso, hoje?
Esse é um dos temas que a atual realidade dos departamentos jurídicos inovadores mais demanda, e que mais se estuda e debate nos diversos foros que já temos no País. Procure conhecer mais. Pode ser útil a você, e a sua equipe!

business-257911_1280

https://images.jota.info/wp-content/uploads/2021/09/copy-of-jota-logo-high-cmyk.jpeg

Quanto tempo levaria para a sua empresa 'quebrar'?

Análise e gestão de risco são sempre essenciais