
A teleconsulta deve figurar entre as estratégias para viabilizar o mutirão de cirurgias do Sistema Único de Saúde (SUS), previsto para começar em fevereiro. A ideia, antecipada ao JOTA pelo presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Cipriano Maia, é que a consulta digital possa representar um dos primeiros contatos entre médico e paciente, que ainda precisará passar por avaliações e exames presenciais.
Na visão dele, o uso da telessaúde representa um avanço para a rede pública. Ao aumentar o acesso a consultas, reduz-se a fila para esse contato inicial, segundo explica.
“(A teleconsulta deve ser usada) só numa avaliação inicial, com o médico da atenção primária, que terá que ser completada com avaliação presencial pelo especialista”, explicou Maia, na primeira entrevista desde que assumiu o cargo. O gestor substituiu o sanitarista Nésio Fernandes, ex-secretário de Saúde do Espírito Santo que passou a chefiar a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps) do Ministério da Saúde.
Ainda não é possível afirmar se a medida ajudará a encurtar a espera por cirurgias eletivas, porque esse tempo é modulado por diversos fatores, entre eles, a avaliação médica. O uso da telessaúde no mutirão também dependerá de investimento tecnológico nas unidades de saúde e de acesso à internet dos pacientes, o que pode dificultar a implementação da medida, por exemplo, em locais remotos e de baixo poder aquisitivo.
Recente no SUS, a telessaúde deve ganhar tração nos próximos anos como uma estratégia para desafogar filas por consultas, por exemplo. Hospitais de excelência já têm adotado a modalidade, de acordo com o presidente do Conass.
“É um instrumento fundamental para contribuir com a melhoria da resposta na atenção primária, inclusive, evitando muitos encaminhamentos que poderão ser resolvidos através da teleinterconsulta (troca de informações) entre médico-assistente e especialista a distância. É uma área decisiva para melhorar acesso e resolubilidade”, continuou o médico, à frente da Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap-RN) desde janeiro de 2019.
Um dos avanços mais recentes foi a criação da Secretaria de Saúde Digital dentro do Ministério da Saúde. Quem comanda a área é a professora titular da Universidade de São Paulo (USP) Ana Estela Haddad, considerada uma das pioneiras no tema.
Para entidades do setor de saúde, a modalidade vem para somar ao atendimento presencial. A avaliação é de que a sanção da Lei 14.510, em 28 de dezembro, contribuiu para a maior previsibilidade jurídica para a telemedicina, que, na pandemia, foi autorizada por medida provisória.