PANDEMIA

Teich vai ao Rio para discutir fila única de UTIs para coronavírus com diretores da ANS

Na viagem, o ministro quer entender a rede de hospitais federais para enfrentamento da pandemia

Ministro Nelson Teich participa de audiência na comissão externa do Coronavírus na Câmara (Foto: Maryanna Oliveira/CD)

O ministro da Saúde, Nelson Teich, pretende tratar sobre a requisição de leitos particulares para tratamento da Covid-19 com diretores da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em viagem ao Rio de Janeiro prevista para esta sexta-feira (8/5). Teich também planeja avaliar a rede de hospitais federais no estado para o enfrentamento ao coronavírus. 

Representantes do setor de saúde suplementar criticam a recomendação do presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Zasso Pigatto, pela adoção de uma fila única de regulação de leitos privados e públicos pelos gestores. 

A percepção do setor privado de que a adoção da fila única será prejudicial à organização do sistema vem sendo tratada com ANS desde a última semana. Entre as soluções apresentadas pelos hospitais privados, estão a publicação de editais de chamamento para a contratação dos leitos e a ampliação do sistema, com habilitação de leitos ociosos na rede pública. 

Ao ser confrontado por deputados federais em reunião da comissão externa que acompanha o coronavírus na Câmara, nesta quinta-feira (7/5), o ministro indicou que, em sua avaliação, a iniciativa privada deve apoiar o sistema público, mas sem imposições. 

“É uma coisa que está sendo tratada de uma forma radical. A gente tem que garantir que as pessoas tenham cuidado. Se a gente precisar de uma interação entre o público e o privado, isso vai acontecer. Eu sou contra a polarização política nesse assunto. O que posso dizer é que público e privado vão estar juntos e eu vou fazer isso da forma mais adequada possível”, declarou. 

Os parlamentares solicitaram providências ao Ministério da Saúde quanto a cobranças que têm sido recorrentes por parte dos gestores locais: habilitação de leitos, hospitais de campanha, recursos humanos, respiradores e equipamentos de proteção individual (EPIs). 

Em resposta aos pedidos, o ministro relatou problemas na obtenção de recursos. Para facilitar que compras cheguem aos estados que estão com dificuldade, a pasta planeja centralizar a entrega dos materiais adquiridos em São Paulo, para que sejam então distribuídos pelo governo federal.

“A gente busca ajudar o máximo possível, dentro do que é possível. Quando você não tem uma coisa precisa para colocar é porque não dá para ter. A única coisa que é certa é que existe um trabalho 24×7 para que a gente possa dar auxílio máximo para estados e municípios”, disse.

Teich se comprometeu a visitar os estados com as situações mais críticas. O primeiro a ser visitado foi o Amazonas, na última semana. Depois do Rio de Janeiro, está agendada uma visita ao Amapá na semana que vem.

Lockdown no país

Sucessivamente adiada, a apresentação de uma diretriz para orientar estados e municípios sobre o isolamento social também foi alvo de questionamentos de deputados. O ministro repetiu que o projeto está pronto e será divulgado em breve.

Perguntado sobre sua opinião quanto à adoção da estratégia de lockdown no país, Teich criticou o uso político da discussão e reafirmou que a orientação sobre isolamento vai considerar as particularidades de cada região. 

“Existe uma política, um projeto, uma forma de abordar. O que a gente vai apresentar para vocês é como a gente enxerga essa forma de separar os grupos e como a gente enxerga as diferentes ações que devem existir para cada segmento que a gente caracterizou. Isso é sujeito a críticas, vai evoluir. Pedir uma coisa geral é justamente o que não pode acontecer, porque não é geral”, afirmou. 

Defesa de Bolsonaro

O ministro defendeu o presidente Jair Bolsonaro, que foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) junto a empresários nesta manhã, enquanto ocorria a audiência na Câmara.

”Eu não sabia dessa ida do presidente. O que é importante é o seguinte: eu fui designado por ele para fazer o Brasil passar por esse momento e estruturar um sistema de saúde melhor. Esse é meu foco. Ele está preocupado com o país e com as pessoas, senão ele não teria colocado isso como objetivo da minha vinda”, disse Teich. 

“Tempo de guerra”

Criticado por montar uma equipe composta por militares em funções estratégias, o ministro disse que acredita na capacidade do grupo para aumentar a eficiência do ministério durante a crise. “Eu, como ministro, sou o líder disso tudo. Embora possam existir militares, outros profissionais, a liderança é minha”, declarou. 

Passado o momento crítico, segundo ele, a pasta deverá abrir espaço para especialistas ligados à área da saúde. 

“Esse é um tempo de guerra. Essas pessoas estão vindo nesse momento para fazer alguma coisa da forma mais rápida possível. Funciona como um time. Mas essas pessoas não são pessoas definitivas. Conforme a gente for enfrentando o problema da crise e isso for retornando à situação normal, essas pessoas vão voltar naturalmente para seus lugares e pessoas não militares serão colocadas no lugar”, afirmou aos deputados.