
O Ministério da Saúde orientou, em nota publicada na última terça-feira (12/7), que as organizações de saúde racionalizem o uso de contraste iodado nos exames e procedimentos médicos devido à falta do medicamento. Além do contraste, hospitais e farmácias tem encontrado dificuldade em adquirir soro fisiológico, amoxicilina e até mesmo dipirona.
O contraste iodado é utilizado nos procedimentos de tomografia computadorizada. No documento, o Ministério da Saúde atribui a escassez ao lockdown chinês que impactou a produção e distribuição do insumo. “Uma das principais empresas afetadas, o laboratório GE Healthcare, informou, em nota, que a fábrica de Xangai havia sido afetada, mas que, desde o início do mês de junho, retomou em 100% a capacidade de produção. No entanto, devido à escassez no mercado internacional, ainda há a dificuldade no atendimento e normalização da relação entre oferta e demanda”, consta.
Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), o contraste está em falta em 43,8% das instituições de saúde pesquisadas. Mas a escassez nos hospitais não para por aí. O mesmo levantamento mostra que o soro fisiológico também está em falta em 87,6% dos centros médicos. Em 62,9% falta dipirona injetável, em 50,5% delas há escassez de Neostigmina (medicamento para doenças musculares) e em 49,5% falta atropina (indicado para arritmias).
Os estoques desses medicamentos nos hospitais também estão baixos. Em 53% das instituições pesquisadas as reservas de soro fisiológico estão abaixo de 25%. Além disso, 37% delas têm apenas 50% do armazenamento, enquanto que somente 2% dos hospitais tem uma reserva de soro entre 76% e 100%. Com relação ao contraste, 77% das organizações de saúde estão com o estoque em 25%.
A pesquisa também mostra que, das entidades de saúde que reportaram falta de soro, 40% delas afirmaram que o preço do medicamento no mercado está 100% acima do usual. A falta de soro fisiológico impacta, principalmente, os tratamentos de hemodiálise, já que o insumo é utilizado para fazer a limpeza das máquinas entre um paciente e outro.
Durante uma audiência pública realizada na terça-feira (12/7), pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, o Ministério da Saúde atribuiu o aumento dos preços à alta do dólar, do combustível e da energia que interferem nos custos de produção. O órgão também diagnosticou dificuldades para aquisição de excipientes e materiais para embalagens.
Além do lockdown chinês, da Guerra na Ucrânia e da crise no mercado causada pela pandemia de Covid-19, o Ministério Público também diagnosticou que a regulação de preços máximos de medicamentos realizada pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) não acompanha o cenário atual.
Com base em um levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) que identificou a lista dos 20 principais medicamentos com risco de desabastecimento, a CMED liberou provisoriamente seis insumos dos critérios de estabelecimento ou ajustes de preços até o final do ano. São eles: sulfato de amicacina, aminofilina, cloridato de dopamina, dipirona, imunoglobulina humana e sulfato de magnésio.
Confira a lista dos 20 medicamentos com risco de desabastecimento, segundo a pesquisa da CNSaúde:
1) Acetato de fludrocortisona 0,1 mg comp;
2) Acetato de leuprorrelina 11,25 mg po liof sus inj;
3) Amicacina sulfato 250 mg/ml sol inj;
4) Aminofilina 24mg/ml sol inj;
5) Ciclofosfamida monoidratada 50 mg com rev lib retard;
6) Cloreto de sódio 0,9% 100ml;
7) Cloreto de sódio 0,9% 500ml;
8) Cloridrato dopamina 5mg/ml sol inj;
9) Dipirona 500mg/ml sol inj;
10) Fitomenadiona 10 mg/ml sol inj;
11) Formoterol 6mcg + budesonida 200mcg po ina;
12) Furosemida 10 mg/ml sol inj;
13) Imunoglobulina humana 5,0 g;
14) Mesilato desferroxamina 500 mg po liof sol inj;
15) Metilsulfato de neostigmina 0,5 mg/ml sol inj;
16) Ocitocina 5 ui/ml sol inj;
17) Rivastigmina 2 mg/ml sol oral;
18) Sacarato de hidróxido de ferro 20 mg/ml sol inj;
19) Sulfato de magnésio 10% e 50 % sol inj;
20) Vigabatrina 500 mg comp.
Falta de medicamentos nas farmácias
A falta de medicamentos também alcança as farmácias. Uma pesquisa feita pelo Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP) com 1152 farmacêuticos de todo o estado mostrou que 98% das farmácias enfrentam problemas de desabastecimento.
A principal causa apontada pelas instituições é a escassez de mercado, além de alta demanda não esperada, falha do fornecedor e preço alto impraticável. Dentre os medicamentos em falta mais citados pelos farmacêuticos, estão a amoxicilina, a azitromicina, a dipirona e o ibuprofeno.
Na pesquisa, o CRF-SP afirma, com base nos relatos, que os medicamentos em falta são principalmente nas formulações líquidas, o que impacta, principalmente, a população pediátrica.
Confira a lista dos 10 medicamentos que mais faltam nas farmácias:
1) Amoxicilina;
2) Azitromicina;
3) Acetilcisteína;
4) Ambroxol;
5) Carbocisteína;
6) Bromexina;
7) Dipirona;
8) Dexclorfeniramina;
9) Loratadina;
10) Ibuprofeno.