
A restrição na campanha de vacinação contra a Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS) a grupos prioritários abriu espaço para clínicas particulares ampliarem suas ações. Depois do ano fraco vivido em 2022, o setor espera, agora, se recuperar.
A Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVac) deve intensificar a partir desta semana o contato com farmacêuticas com registro definitivo de vacinas contra a Covid-19 na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) — AstraZeneca, Janssen e Pfizer — para garantir a oferta de imunizantes nos estabelecimentos particulares.
“A expectativa das clínicas privadas é a melhor possível em relação à vacinação da Covid. Aguardamos o posicionamento dos laboratórios. Com a queda da emergência sanitária, temos mercado aberto para oferecer serviços de vacinação privada. A partir daí, precisamos do principal insumo do serviço: a vacina”, disse ao JOTA a presidente da ABCVac, Fabiana Funk.
Resistência
Laboratórios, porém, informaram à reportagem não haver negociações em andamento para 2023. O cenário pode mudar ao longo do ano, mas não há inclinação no momento.
Apesar de permitida desde 2022, a vacinação contra Covid-19 em clínicas não engrenou. A grande procura pelo imunizante no ano anterior, quando havia escassez de doses, arrefeceu diante do avanço das faixas etárias.
Segundo a ABCVac, não há dados de quantas doses de AstraZeneca — única a negociar com o setor em 2022 — foram aplicadas. A presidente diz que as clínicas têm condições para vacinar 10% da população contra a Covid-19 em 2023.
“O ano passado não teve adesão muito grande das clínicas privadas”, continuou Funk, citando o aumento da oferta no SUS como um dos motivos. “Outro agravante foi a apresentação das vacinas, em frascos multidoses. O custo de aquisição era muito alto.”
O governo oferece reforço com Pfizer bivalente a idosos, imunossuprimidos, pessoas com deficiência ou que vivem em Instituições de Longa Permanência, gestantes, puérperas, indígenas, ribeirinhos, quilombolas e profissionais de saúde. A campanha começou na última segunda-feira (27/2), à exceção dos Yanomami, que receberam as doses dois dias antes.
A pasta não descarta, contudo, ampliar o público-alvo contra a Covid-19 ao longo do ano. Quem estiver fora do público-alvo e não tiver completado o ciclo de vacinação, com segunda ou terceira dose, por exemplo, poderá tomar o imunizante durante a campanha.
“O mercado privado está bem animado, principalmente porque o ministério já sinalizou que vai realizar a campanha de Covid nos mesmos moldes da gripe e isso abre um paralelo no setor”, afirmou o tesoureiro da ABCVac, Marcos Tendler.
Na mira dele, estão um eventual contrato com a Moderna — que aguarda aval da Anvisa para doses bivalentes — e com a AstraZeneca.