
Um levantamento feito pelo JOTA mostra que pelo menos quatro estados apresentam estoques aquém do necessário de doses de vacinas previstas no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.
Goiás representa um ponto de alerta. Apesar de não haver desabastecimento, de acordo com a Secretaria estadual de Saúde, o estado dispõe de estoque reduzido da vacina oral poliomielite (VOP); BCG, contra tuberculose; e tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola.
Já o Paraná recebeu menor quantidade da “gotinha” de pólio que o esperado em novembro e, por isso, solicitou uma remessa adicional ao Ministério da Saúde. Também recomendou aos municípios que façam agendamento de aplicação de doses para evitar desperdício.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesa-PI), o lote mais recente de tríplice viral veio com quantidade “bem abaixo do necessário”. Uma nova remessa era esperada para esta semana. No Mato Grosso, por sua vez, a baixa é nos estoques de BCG.
O abastecimento está normalizado em 12 estados e no Distrito Federal, segundo as secretarias de Saúde. O levantamento do JOTA incluiu as 27 unidades federativas de quarta a sexta-feira. Só 10 não responderam.
O Ministério da Saúde informou, em boletim epidemiológico publicado no fim de outubro, que a distribuição das vacinas tríplice viral, contra hepatite B e VOP estava com distribuição mensal abaixo da média para o mês, além das imunoglobulinas antitetânica e antivaricela zoster.
Questionado pelo JOTA nesta semana para saber se a situação havia normalizado, a pasta negou desabastecimento. A reportagem retornou o questionamento para saber se a distribuição seguia aquém do necessário, mas não obteve retorno.
“O Ministério da Saúde informa que não há registro de desabastecimento dos insumos citados. Somente neste ano, foram entregues mais de 38,6 milhões de doses da vacina tríplice viral e cerca de 10,8 milhões de imunizantes contra a hepatite B. Além disso, está prevista a entrega de mais 1 milhão de doses para hepatite B em 2022”, informou a pasta, em nota.
Faltam dados precisos
Coordenador do grupo de saúde da transição de governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o professor da Universidade Federal de São Paulo Arthur Chioro, afirmou que a equipe ainda não dispõe de dados precisos relacionados à disponibilidade de vacinas no país.
As informações, consideradas essenciais pela equipe do governo eleito, serão usadas para montar uma estratégia para melhorar a cobertura vacinal do país, que está perigosamente baixa.
“Temos dados preliminares, por conta de nossos estudos, de nossas análises e de informações que nos chegam por outros interlocutores”, disse Chioro.
O professor, que foi ministro da Saúde durante dois anos da gestão de Dilma Rousseff, lembrou que a equipe de transição não tem como fazer neste momento a gestão de recursos. “Mas os dados que nos serão enviados serão úteis para podermos entender a situação e pensar em alternativas e traçar estratégias para serem colocadas em prática a partir de 1 de janeiro.”
Chioro, no entanto, afirmou que as últimas informações recebidas de técnicos do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) mostram haver resistência do atual governo para aquisição de vacinas e para expansão do uso de imunizantes contra Covid-19, apesar de recomendações técnicas para determinados grupos etários.
“São informações indiretas. Vamos nos sentar com a equipe do atual governo para nos apropriarmos das informações. Saber quais compras foram feitas ou por que encomendas não foram realizadas.”