Análise

Rui Costa entra na discussão sobre regra fiscal, que pode ficar para depois do Copom

Gesto chama atenção porque ministro não era citado por Haddad como um dos interlocutores para avaliar a proposta

Rui Costa marco fiscal
Ministro da Casa Civil, Rui Costa / Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil
logo do jota pro poder, na cor azul royal

O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta terça-feira (14/3) que a proposta de arcabouço fiscal será analisada pela junta de execução orçamentária (composta por Casa Civil, Fazenda, Planejamento e Gestão) esta semana antes de ser avaliada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O movimento de Costa chama mais a atenção porque ele não vinha sendo citado pelo titular da Fazenda, Fernando Haddad, como um dos interlocutores para avaliar a proposta.

Haddad confirmou que a junta vai analisar a proposta, mas disse que seria junto com Lula. Dessa forma, não está claro o procedimento, mas ficou evidente que o titular da Fazenda terá que discutir com um dos representantes do núcleo político do governo o novo regramento fiscal.

A Fazenda trabalha para apresentar o arcabouço ao público antes do Comitê de Política Monetária (Copom), mas fica claro que os riscos de isso não acontecer aumentaram. A junta é um colegiado mais heterogêneo e o comando da Casa Civil e a participação da ministra Esther Dweck, de corte mais heterodoxo, implicam que o desenho de Haddad pode ser mais estressado para garantir que a agenda política do governo não fique em risco por um apetite maior do ministro por agradar o mercado.

Se houver desacordo interno no governo, Lula pode empurrar o processo mais para frente. O próprio Haddad já fez uma espécie de hedge sobre o tema ao dizer que pretendia apresentar o projeto ao presidente antes de sua viagem à China, prevista para o dia 24, ou seja, implicitamente admitiu que o objetivo de divulgar antes do Copom ficou em risco.