risco político

Novo presidente da Petrobras, Prates leva a Lula nomes técnicos para conselho

Petista tenta adotar tom amigável ao mercado, mas direção dada pelo Planalto é de maior grau de intervencionismo

petrobras
Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil
logo do jota pro poder, na cor azul royal

Ao ser confirmado no comando da Petrobras por unanimidade, o petista Jean Paul Prates indicou ao conselho da estatal que tem sugerido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomes técnicos de carreira para comporem essa instância da empresa, que está prevista para mudar em abril. A sinalização foi bem recebida entre os presentes na reunião, grande parte indicada ainda na gestão de Jair Bolsonaro.

De acordo com relatos, o novo presidente da petrolífera sublinhou divergências sobre a atual condução da estatal. Mas mostrou que pretende implementar mudanças de forma gradual.

Prates, mais recentemente, tenta adotar um tom mais amigável ao mercado, mas a direção dada pelo Planalto é de maior grau de intervencionismo, que já vinha crescendo desde a nomeação de Caio Paes de Andrade para atender as demandas de Bolsonaro.

O novo titular da Petrobras já indicou que devem ser debatidas iniciativas relacionadas à substituição do PPI. Uma possibilidade é o uso do preço FOB, que não inclui custos envolvidos no processo de importação, como frete. O mecanismo manteria uma correlação com o preço de mercado, mas “abrasileiraria” o valor do combustível vendido pela empresa.

Prates também deve buscar alternativas para mitigar oscilações de preço que sejam menos antimercado do que o mero congelamento. É dele uma proposta para o fundo que atuaria para conter os preços. O drama desse mecanismo é seu custo fiscal.

O timing de eventuais alterações também é agravado por um componente político. Há preocupação no governo de que a tendência recente de alta no preço dos combustíveis possa ser um elemento de instabilidade institucional com caminhoneiros, eleitorado majoritariamente identificado com o bolsonarismo. Além disso, no final do mês que vem o governo tem que decidir se reonera ou não a gasolina. Nesse ambiente, a cautela prometida por Prates pode ser atropelada pela pressa para se encontrar soluções.

Quem chega primeiro…

Na reunião com secretários estaduais de Fazenda, o secretário da Reforma Tributária, Bernard Appy, reforçou que o nome do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) é o principal canal de diálogo entre a pasta e o Congresso Nacional.

O recado é mais um indicativo de que a discussão do texto deve ser reiniciada a partir da Câmara que, na semana que vem, vai confirmar com maioria esmagadora de votos a reeleição de Arthur Lira (PP-AL). Partiu do político alagoano o arranjo informal para reconduzir o correligionário à dianteira do tema antes mesmo do aval do governo para a designação formal, o que sugere o interesse do mandatário em influenciar no rumo da principal agenda econômica de Lula.

Só acaba quando termina

Embora tenha perdido força nas últimas horas o movimento do centrão para substituir a candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) por Tereza Cristina (PP-MS) na disputa pelo Senado, entusiastas da mudança ainda não jogaram a toalha.

A avaliação é de que o perfil da ex-ministra da Agricultura tem potencial de atrair mais votos. Marinho discorda e tem negado a aliados qualquer intenção em desistir. A campanha ex-ministro bolsonarista ganhou um empurrão do antigo chefe — ainda em 2022, no apagar das luzes, ele foi contemplado com uma liberação extra de recursos, viabilizada pela abertura no teto de gastos permitida pela PEC da Transição.

Com Marinho ou Tereza, o bloco que dará sustentação ao nome pode ficar sem cargos na Mesa caso perca a disputa. Ao contrário da tradição da Casa, o clima entre partidos embarcados na candidatura favorita do atual presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) é a de decidir distribuir os demais postos de acordo com a proporcionalidade apenas do bloco vitorioso, e não de todos os partidos. Pelo arranjo, a Primeira Vice Presidência deve ficar novamente nas mãos do MDB.