O primeiro assunto desta semana para o qual chamar a atenção é o bolso – não o Bolso-naro, mas o bolso do cidadão, do eleitor. Nesta semana, saiu a inflação de 2021, e ela superou os 10%, no maior número desde 2015.
Sim, houve a pandemia e os preços estão explodindo em todo o mundo. Mas, não tem jeito, a responsabilidade política é de quem está no poder. Jair Bolsonaro (PL) pode procurar culpados – governadores, ministros do Supremo e até o vírus da Covid-19 –, mas o ônus é do governo dele.
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Essa notícia veio acompanhada de outra, mais dura: a volta dos aumentos nos preços da gasolina e do diesel. Esses temas estão juntos, porque o presidente não apenas precisou encontrar culpados, reais ou imaginários, quanto também precisou mudar a própria estratégia.
Com as pesquisas de intenção de voto mostrando Lula até com chances de vencer no primeiro turno, o governo não pode mais esperar para começar a luta política mais dura mirando o PT, principal adversário. E Bolsonaro acusou o golpe, ao falar de Lula a semana inteira, inclusive em um evento oficial no Planalto; falou também sobre a Petrobras, os problemas do passado e do presente.
Essa foi uma antecipação clara no embate que o presidente só pretendia travar mais adiante, já que a ideia era focar na desconstrução da terceira via, especialmente da candidatura de Sergio Moro.
O segundo ponto de atenção é a operação política. Bolsonaro entregou mais poder nas mãos do centrão. Agora, a Casa Civil, chefiada por Ciro Nogueira, expoente máximo desse bloco político que hoje comanda o Orçamento, a Câmara, o Senado, tem que carimbar a execução dos recursos públicos junto com a Economia.
Enfim, são os políticos aliados decidindo sobre remanejamentos, cortes e abertura de crédito extraordinário. É um seguro que o governo está fazendo para manter os partidos do centro ao seu lado até a eleição, evitando namoro desse grupo com Lula – com quem já teve uma relação bem estreita e bem-sucedida no passado, aliás.
O terceiro ponto é o balanço das primeiras pesquisas do ano eleitoral, que disseram mais ou menos a mesma coisa. Em linhas gerais: Lula está sólido em patamar muito alto e até pode sonhar com vitória no primeiro turno; Bolsonaro também mantém seu eleitorado fiel, em percentuais que o garantiriam em eventual segundo turno; e a terceira via vai ter dificuldades para emplacar um nome no jogo da sucessão presidencial.
Assim, se coloca mais pressão em cima de Moro, Ciro Gomes e João Doria. Por isso, começa a ganhar corpo um movimento para tentar enxugar esse número de candidatos do centro. O problema é que ninguém quer abrir mão da cabeça de chapa.
As análises completas de Fabio Zambelli, analista-chefe do JOTA, sobre a semana para o governo estão disponíveis também no perfil do JOTA no Instagram (@jotaflash) às sexta-feiras.