O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) completa nesta segunda-feira (27/9) 1.000 dias como presidente do Brasil com o seu governo enfrentando os mais baixos índices de apoio popular desde que assumiu o cargo em janeiro de 2019 – comparável apenas a Fernando Collor de Mello.
Prever o que vai acontecer nos próximos 460 dias restantes do mandato não será fácil, mas podemos comparar o governo Bolsonaro até aqui com os demais mandatários, na avaliação dos brasileiros. O JOTA já havia alertado para esses números em duas ocasiões.
Em 2019, os analistas do JOTA publicaram uma reportagem mostrando que Bolsonaro tinha o pior resultado de avaliação popular entre todos os presidentes no primeiro ano de mandato.
Mais recentemente, no começo de setembro, relatório enviado a clientes JOTA PRO Poder comparou os índices de aprovação e rejeição dos presidentes de primeiro mandato, usando as estimativas de consenso das pesquisas produzidas pelo agregador do JOTA – modelo proprietário que agrega resultados de mais de 10 mil pesquisas individualizadas.
Avaliação positiva
As figuras mostram a trajetória do índice de aprovação de cada presidente durante o seu primeiro mandato. O destaque nas imagens marca o milésimo dia do mandatário à frente do governo. As linhas correspondem à mediana do índice, calculada pelo modelo de agregação de pesquisas do JOTA. Em síntese, o padrão que surge dessas imagens é bastante nítido aos olhos: com exceção de Fernando Collor, a linha azul que representa o índice de aprovação de Bolsonaro está sempre abaixo dos demais presidentes, apenas em alguns momentos a linha toca ou cruza a trajetória de aprovação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro mandato.
Em 27 de setembro de 2013, Dilma Rousseff (PT) era aprovada por 42%, segundo o consenso das pesquisas produzido pelo agregador do JOTA. Depois de um ano e meio à frente do governo, a presidente passou a ter que lidar com as demonstrações de insatisfação popular contra o seu governo nas ruas por todo o país. Mas o ponto mais baixo de aprovação do governo Dilma foi em março de 2013, a petista viu o seu índice de aceitação chegar a 33%, segundo o agregador de pesquisas.
Coincidentemente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na data em que completou o milésimo dia do governo tinha uma taxa de aprovação igual à observada pela sua sucessora, Dilma Rousseff, 42%. Mas diferentemente de Dilma, a trajetória de avaliação do ex-presidente Lula já indicava um movimento ascendente de recuperação a cada novo levantamento, cerca de três meses depois do então deputado Roberto Jefferson (PTB) ter denunciado o esquema do mensalão.
O consenso das pesquisas mostra que, ao completar 1.000 dias de mandato, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) teve taxas de apoio popular muito próximas das observadas durante os governos Lula I e Dilma I. Segundo os dados do agregador, 41% dos brasileiros davam notas positivas (ótimo e bom) ao governo de Fernando Henrique Cardoso.
Fernando Collor não chegou formalmente à marca de 1.000 dias no comando do país porque foi afastado da Presidência em 29 de setembro de 1992 com a aprovação de admissibilidade do pedido de impeachment na Câmara. Até então, a posse presidencial ocorria no dia 15 de março e não em 1º de janeiro, assim a marca dos primeiros 1.000 dias do mandato presidencial de Collor só seria atingida em 9 de dezembro de 1992. Mesmo assim, o julgamento do impeachment só foi concluído em 30 de dezembro daquele ano. No dia anterior, Collor já havia renunciado ao mandato.
Avaliação negativa
As figuras seguintes, por outro lado, retratam a evolução do índice negativo de avaliação ou rejeição dos governos. Em síntese, o padrão nas imagens é bastante claro: com exceção de Fernando Collor, nenhum outro presidente enfrentou tamanha desconfiança e rejeição popular durante os primeiros 1.000 dias no comando do país.