Luiz Orlando Carneiro

Os organ trios (órgão Hammond B-3, guitarra ou sax tenor e bateria) foram conjuntos típicos do soul jazz dos anos 1950-60 – época do reinado de Jimmy “The Incredible” Smith (1928-2005) e do sucesso de saxofonistas e guitarristas bluesy do calibre de Stanley Turrentine e de Kenny Burrell, respectivamente.
Mais recentemente, os notáveis saxofonistas James Carter e Ellery Eskelin reinventaram esse tipo de trio com baseem concepções harmônicas e melódicas bem mais livres ou assimétricas, ao lado dos tecladistas Gerard Gibbs e Gary Versace, ambos young lions da geração nascida há quatro décadas.
Porém, um quinteto que tem na linha de frente uma trinca de saxofonistas tenores, aquecidos e embalados por um especialista do B-3 e por um baterista, todos do primeiro time, é algo inusitado a merecer atenta audição. E, no caso, uma audição muito prazerosa, como se dizia antigamente.
O caso é o recém-lançado CD Triple Play (Positone), gravado em outubro do ano passado, sob a liderança nominal do sax tenor Doug Webb, 55 anos, “músico para músicos” formado no Berklee College of Music, integrante da Doc Severinsen Tonight Show Band durante 15 anos, e que atuou comosideman de Horace Silver, Freddie Hubbard, Quincy Jones e Stanley Ckarke, entre outros grandesjazzmen.
Ao lado de Webb estão os também renomados tenoristas Joel Frahm e Walt Weiskopf (igualmente compositor e arranjador), o organista Brian Charette e o baterista Rudy Royston (new stars de brilhocada vez mais intenso no céu do jazz).
Na resenha desse álbum de 11 faixas para a revista Jazz Times, o crítico Thomas Conrad sublinhou muito bem: “Quase todos os discos de jazz fazem alguma tentativa de 'abrandamento'. Não este. As quatro primeiras faixas são céleres, e então vem Avalon (4m40), que é inacreditável. Webb sai na frente, como um trem-bala, sem jamais sair do trilho. Weiskopf e Frahm disparam a seguir, queimando adrenalina. Os três falam a mesma língua, na moderna mainstream do sax tenor, mas com pronúncias distintas. Webb é claro e estridente. Weiskopf é gutural e afiado. Frahm tem o registro mais amplo, do grave ao agudo”.
Os saxofonistas atuam como naipe, em fluentes arranjos introdutórios (três assinados por Randy Aldcroft), e não poupam o fôlego em tórridos solos sucessivos, sem obedecer a uma ordem sempre igual. Num CD saxy como Triple Play não poderia faltar Giant steps (4m), aquela inesquecível peça de John Coltrane, baseada numa rara progressão harmônica modal. A apresentação do tema pelo trio é bem original em termos de pantonalidade e de andamento, e os solistas são, pela ordem, Frahm, Webb e Weiskopf.
Além de Giant steps, merecem destaque muito especial as interpretações pelo quinteto de The way things are (4m55) – tema de Weiskopf baseado em All the things you are – e Alligator boogaloo(4m20) – composição bem funky de Lou Donaldson, com um show à parte do organista Brian Charette.
O líder nominal de Triple play, Doug Webb, assina a faixa-título (6m45), a mais longa do disco, e Jones(4m45), esta última inspirada nnos acordes de base de Have you met Miss Jones.
<a href=" https://soundcloud.com/posi-tone-records/01-jones">Ouça a faixa Jones aqui.</a>
<a href="http://www.jb.com.br/jazz/noticias/2015/07/18/triple-play-tem-tres-saxes-na-linha-de-frente/">Publicada originalmente no JB Online</a>

file000658941865

https://images.jota.info/wp-content/uploads/2021/09/copy-of-jota-logo-high-cmyk.jpeg

JOTA

CD reúne Doug Webb,Joel Frahm e Walt Weiskopf mais B-3 e bateria

Triple Play tem três saxes na linha de frente

Quer patrocinar nossa cobertura permanente sobre a formação de profissionais do Direito? Mande um e-mail para contato@jota.info.