Pedro Gordilho

Aurore Dupin, depois George Sand, nasce no dia primeiro de julho de 1804, em Paris, no atual nº 46 da rua Meslay (3e). Estuda num dos endereços mais aristocráticos de Paris, o convento das Augustines Inglesas. Quando sai, aos dezoito anos, ela se casa e se torna Baronesa Dudevant. Um ano depois, seu filho Maurice nasce no hotel de Florence – hoje Hotel George-Sand, 26, rue des Mathurins (9e) – onde o casal morava. 
Aurore comporta-se já como uma mulher livre e independente. Aos vinte e seis anos ela deixa o seu marido e passa a viver com Jules Sandeau. Eles escrevem juntos o primeiro romance. Assinado: Jules Sand. Jules por ele e Sand por ela. Paris abriga bem seus amores. “Ah Paris, meu bom Paris! Com a liberdade de sentir, com meu Jules que me ama tanto”, escreve ela.
<a href="/wp-content/uploads/2016/10/Fotografia-1.jpg"><img class="aligncenter wp-image-54615 size-medium" src="/wp-content/uploads/2016/10/Fotografia-1-217x300.jpg" alt="Fotografia (1)" width="217" height="300" /></a>No prédio existente no 21, Quai des Grands-Augustins (6e), a jovem e irresistível mulher volta a encontrar seu amante. O casal colabora no jornal Figaro.
Em 1832, tendo a escritora vinte e oito anos, é publicado seu primeiro romance, Indiana, já sob o pseudônimo G.Sand. Sem abrir mão da sua feminilidade explícita, ela adota roupas masculinas para seguir seus amigos num circuito Tout-Paris, que ainda impede as mulheres de frequentar certos lugares. Exaltada e fervente, ela multiplica os domicílios parisienses com os seus encontros amorosos. Liszt, Balzac, Hugo, Flaubert e Delacroix, são inúmeros dos seus amigos íntimos. Outros, como Mérimée e Musset são mais do que amigos, são amantes. O poeta frequenta a Mansarde Bleue no 19, Quai Malaquais (6e), onde ela escreve Lélia, romance que retrata o desencanto amoroso, espelho de sua ligação com Musset. Cada ruptura amorosa a leva a Nohant (Indre).
<a href="/wp-content/uploads/2016/10/Fotografia-2.jpg"><img class="aligncenter wp-image-54616 size-medium" src="/wp-content/uploads/2016/10/Fotografia-2-217x300.jpg" alt="Fotografia (2)" width="217" height="300" /></a>Em 1836, com a idade de trinta e dois anos, ela tem um encontro fulminante com Frederic Chopin, cujo bicentenário de nascimento foi festejado no ano de 2010. O casal divide primeiramente o apartamento no atual nº 20 rue Pigalle (9e), antes de encontrar seu paraíso no Square d’Orléans. Ela ocupa um apartamento no nº 5. Chopin ocupa o apartamento térreo do nº 9. O preconceito era intenso. Não podiam morar juntos.
Nesse quartier, apelidado na época de Nova Atenas, vive um grande número de escritores, de pintores e de músicos, a elite verdadeira do movimento romântico parisiense. Chopin e Sand frequentam a casa da Ary Scheffer, situado no 16, rue Chaptal (9e), atual museu da vida romântica da cidade de Paris. Até o seu rompimento, em 1847, o músico e a escritora organizam sua vida, o inverno em Paris, o verão em Nohant. 
Polêmica e apaixonada, denunciando vigorosamente as desigualdades sociais e as injustiças da condição feminina, Geoge Sand oferece suas ideias, suas paixões, sua luta, em seus livros. Sustentáculo ativo da Revolução de 1848 ela se torna uma operária participante e bem reconhecida.
Ocupando o apartamento do seu filho Maurice no 8, rue de Condé (6e), ela participa da redação dos bulletins de la republique. Mas, indignada pela repressão de junho, ela abandona o cenário político, retira-se para Nohant e se dedica ao teatro. Em 1864, ela se instala em Palaiseau (Essonne) com seu último amor, Alexandre Manceau, gravador desconhecido e amigo de seu filho.
<a href="/wp-content/uploads/2016/10/Fotografia-3.jpg"><img class="aligncenter wp-image-54617 size-medium" src="/wp-content/uploads/2016/10/Fotografia-3-217x300.jpg" alt="Fotografia (3)" width="217" height="300" /></a>George Sand não para de escrever. Paris continua um lugar das amizades e dos espetáculos. Depois da morte de seu companheiro ela se instala num pied-á-terre no nº 5 da rue Gay-Lussac (5e). Diante do jardim de Luxembourg, é assim que ela atravessa seus últimos anos, antes de sua morte em 1876. Uma mulher plural que preferiu o vermelho da paixão e da revolta ao tom pastel das vidas insípidas.
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Referências bibliográficas 
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<li style="font-weight: 400;">À Paris, Le Magazine de la Ville de Paris, nº 36, Antomne 2010, Mairie de Paris.</li>
<li style="font-weight: 400;">Evelyne Bloch-Dand, Le Dernier Amour de George Sand, Grasset</li>
<li style="font-weight: 400;">Xavier Vezzoli, Frédéric Chopin, George Sand. De la rupture aux souvenirs. Zarfluh Éditeur.</li>
</ul>

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Uma mulher plural que preferiu o vermelho da paixão e da revolta ao tom pastel das vidas insípidas

Com George Sand em Paris

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