Pedro Gordilho

F. Chopin (1810 – 1849) nasceu em primeiro de março de 1810 em Zélazowa-Wola, na Polônia, filho de Justyna Krzyzanowska e de François Chopin. Sua primeira composição foi publicada com a idade de sete anos e os professores da escola de música de Varsóvia aplaudiram a sua genialidade. Mas a Polônia não reconheceu o seu talento. Chopin tenta então sua sorte nas grandes capitais europeias. Berlim, depois Viena, em 1829, oferece ao jovem compositor sua primeira consagração. De saúde frágil, Chopin queria participar do movimento insurrecional polonês, porém seus amigos se opuseram e sugeriram que ele deixasse seu país em novembro de 1830. Depois de uma segunda viagem a Viena, ele chega a Paris em 1831. É na capital francesa que seu gênio é mais fecundo. Ele cruza com todas as grandes figura do romantismo e, na casa de Franz Liszt, ele encontra George Sand. A ligação entre o compositor e a escritora durará quase dez anos. Sua separação, em 1847, precipita fortemente o declínio da saúde de Chopin. Ele tenta uma viagem a Inglaterra. Sua saúde se mostra cada vez mais delicada. Ele morre em seu apartamento, na Place Vendôme, na noite de 17 de outubro de 1849, cercado de amigos e de música.
Desde que Chopin chegou em Paris, no outono, seus sentimentos são reservados em relação aos franceses. Chopin conserva um certo ressentimento pelo fato dos franceses não terem tomado posição firme em defesa dos poloneses, então vitimados pelo jugo russo. Mas ao mesmo tempo ele fica absolutamente fascinado pela cidade em sua exuberância. A jornada revolucionaria de julho de 1830 abriu uma era de prosperidade e, mais ainda, Paris se torna o centro ocidental das correntes artísticas novas, o verdadeiro coração do romantismo.
“Sem dúvida eu ficarei em Paris por mais tempo do que eu pensei inicialmente. Não que eu aqui esteja completamente bem, mas porque é possível que pouco a pouco eu venha me sentir muito bem e feliz” (carta a Kumelski 18 de novembro de 1831).
Cedo ele conhece Rossini, Cherubini, depois Frédéric Kalkbrenner, que lhe abre o caminho dos salões Pleyel. Com facilidade conhece o mundo dos músicos de sua geração: Mendelssohn, Liszt. Esses encontros decisivos o colocam diante da cena musical e intelectual da capital francesa, lançando-o também na vida mundana, nos salões onde toda reputação se faz ou se desfaz. Nos salões a magia opera e seu gênio, mais do que sua pessoa, desperta amores e seduz. Ele está lançado. Paris será a cidade de todos os seus amores. Na casa de Franz Liszt ele começa uma das mais celebres ligações amorosas do século XIX com a escritora George Sand (nome fantasia de Aurore Dupin). Daí em diante é na bela capital francesa que será construída não somente a sua vida, mas sobretudo a sua gloria.
A biblioteca polonesa é um dos lugares mais chopinianos de Paris. E nessa biblioteca estão conservados não somente suas lembranças mas o espírito da imigração polonesa instalada em Paris em torno do General Karol Kniaziewicz, representante do governo insurgente e expatriado depois da invasão da Polônia pela Rússia. Hoje, pode-se visitar o “Salão Chopin”, onde várias lembranças intimas do compositor estão conservadas. Mas também as coleções de Adam Mickiewicz, escritor polonês, figura emblemática do romantismo polonês e professor de historia slava no Collége de France. Ele foi um dos mais próximos do casal Chopin e George Sand, tendo traduzido até mesmo alguns dos poemas da escritora francesa.
De lá pode-se facilmente atravessar o rio Sena para se encontrar o Palácio Lambert, em outra época a residência do príncipe Czatoryski. Este patriota ativo, um verdadeiro titã da questão polonesa, fundador da Livraria Polonesa, da Sociedade Histórica da Polônia, bem como de vários institutos de educação para os jovens poloneses expatriados, e que festejava com bailes suntuosos e festas de caridade, dos quais participaram numerosos artistas e intelectuais, como o compositor e sua mulher, e também o grande pintor da época, Delacroix.
A biblioteca fica no número 6 do Quai d’Orléans.
Sob as arcadas do Palais-Royal se encontravam várias lojas que Chopin costumava frequentar com assiduidade. Luvas, chapéus, produzidos pelos melhores fabricantes, que conservavam suas medidas para receber encomendas. O compositor orientava seu fiel secretário Julien Fontana, para que os artigos solicitados fossem realizados e expedidos para o endereço residencial.
As Tulherias foram o lugar de passeio do compositor, que frequentava igualmente o Palácio incendiado em 1871. Convidado por Louis-Philippe, lá compareceu uma primeira vez em 1838. Em sinal de gratidão real ele recebeu um serviço de chá com a efigie do soberano e da rainha. Esteve uma segunda vez no Palácio em dezembro de 1841, convidado pelo Duque d’Orleans, e desta vez recebeu cem francos em ouro.
O número 12, Place Vendôme, constitui o último endereço de Chopin. Instalou-se nesse local no outono de 1849, em apartamento confortável, dando para um pátio ensolarado. Sua saúde declinava irremediavelmente. No mês de junho, ele pediu a presença da sua querida irmã Ludwika. Vinda da Polônia, ela o acompanhará até o final. A Condessa Delphine Potocka, uma amiga querida do compositor, leva o piano para o quarto de Chopin, ao lado do seu leito, para interpretar os Salmos de Marcello. No dia 17 de outubro, às duas horas da madrugada, Chopin dá o seu último suspiro. Alguns dias mais tarde, examinando os seus papeis, encontrar-se-á, envolvida numa folha do almanaque para o ano de 1849, uma carta e uma mecha dos cabelos de George Sand, seu único e exclusivo amor.
Em 30 de outubro de 1849 os funerais de Chopin são celebrados na Igreja da Madeleine. Conforme o pedido do compositor, o Requiem de Mozart foi então apresentado em sua memória. Por igual a Marcha Fúnebre e o Preludio número 4 – este composto em Maiorca – foram tocados no grande órgão da suntuosa Igreja. Mais de três mil pessoas – um número muito elevado para aqueles tempos passados – vêm trazer a sua última homenagem ao compositor.

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JOTA

Desde que Chopin chegou em Paris, no outono, seus sentimentos são reservados em relação aos franceses. 

A Paris de Frédéric Chopin

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