Luiz Orlando Carneiro

Todo ano, desde 1982, a National Endowment for the Arts confere o título de jazz master a “lendas vivas” do jazz, em reconhecimento de suas “contribuições excepcionais” ao desenvolvimento desse modo de expressão musical. A NEA é uma agência independente do governo dos Estados Unidos, sediada em Washington, que apoia e financia projetos de arte “de particular excelência”.
No último dia 22, a NEA anunciou a escolha dos músicos que vão receber o prêmio de US$ 25 mil, referente ao ano de 2016, em cerimônia-concerto a ser realizada no John F. Kennedy Center for the Performing Arts, em 4/4/2016. São eles: os saxofonistas-compositores Archie Shepp, 78 anos, e Pharoah Sanders, 75; o vibrafonista Gary Burton, 72.
O release oficial da NEA assim qualifica os novos “mestres do jazz”:
- Archie Shepp (saxofonista, compositor, educador)- “Shepp é mais conhecido por sua música afrocêntrica do fim da década de 1960, um estilo único de free-form avant-garde jazz com ritmos africanos, e por suas colaborações com John Coltrane, Horace Parlan, Cecil Taylor e a New York Contemporary Five Ensemble. Sua longa carreira como educador tem como foco a etnomusicologia, principalmente a história da música afro-americana de suas origens na África até o seu estado atual”.
(Vale acrescentar que, no fim dos anos 70 e no início dos 80, o saxofonista tenor e soprano não abandonou totalmente o dialeto mais anárquico do free jazz, mas passou a meditar, com devoção, sobre as raízes mais negras do jazz, ou seja, osblues, os spirituals e o hinário gospel. Dentre as obras-primas de Shepp destacam-se os álbuns Fire Music, selo Impulse, 1965, e Goin' home, da Steeplechase, 1977).
- Gary Burton (vibrafonista, bandleader, educador)- “A técnica introduzida por Burton de tocar o vibrafone usando os quatro marteletes ao mesmo tempo deu ao instrumento um novo vocabulário musical no jazz, além de um som mais cheio, mais semelhante ao do piano, do que a tradicional técnica dos dois marteletes. Ele foi um dos progenitores da jazz fusion no fim da década de 60, e teve uma carreira educacional de décadas no Berklee College of Music”.
(Da longa e riquíssima discografia de Burton, destaco dois CDs, ambos editados pela Concord: Native sense, de 1996, registro clássico, em duo com o pianista Chick Corea; Like minds, 1997, uma reunião memorável com outros quatro mestres do jazz em seus respectivos instrumentos – Chick Corea (piano), Pat Metheny (guitarra), Dave Holland (baixo) e Roy Haynes (bateria).
- Pharoah Sanders (saxofonista, compositor)- “Sanders é um ganhador do Grammy que tem demonstrado uma notável facilidade ao se expressar no saxofone em vários estilos, do free jazz à mainstream, de um modo que tem sido chamado de 'lirismo hard-edged'. Apareceu nos grupos de John Coltrane da metade da década de 1960, e ficou conhecido pelo seu som muito próprio, marcado por técnicas harmônicas e multifônicas peculiares”.
(O primeiro álbum marcante do saxofonista tenor Pharoah Sanders foi Tauhid, 1966, Impulse, com o pianista Dave Burrell, o guitarrista Sonny Sharrock e o baixista Henry Grimes. Na companhia de John Coltrane, destacou-se no antológico Kulu se mama, 1965, também da Impulse).
<a href="http://www.jb.com.br/jazz/noticias/2015/10/31/novos-jazz-masters-da-nea-archie-shepp-pharoah-sanders-e-gary-burton/">Publicada originalmente no JB Online.</a>

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Músicos vão receber prêmios individuais de US$ 25 mil  

Novos &#8220;jazz masters&#8221; da NEA: Shepp, Sanders e Burton

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Novos "jazz masters" da NEA: Shepp, Sanders e Burton

Músicos vão receber prêmios individuais de US$ 25 mil