Etienne Jacintho

Mesmo debaixo de críticas dos mais puristas, a série “Crossing Lines” já tem confirmada a sua terceira temporada. Trata‐se de um drama policial dos mais bem produzidos, com direção e roteiro cinematográficos, e elenco honesto. Em “Crossing Lines”, um investigador francês reúne um time de policiais que atuam em diferentes países para caçar bandidos que atravessam as fronteiras das nações europeias para cometer seus crimes. O objetivo do major Louis Daniel (o francês Marc Lavoine) é investigar crimes que acontecem em diferentes países europeus, mas que parecem ter sido cometidos pelo mesmo criminoso.
A ideia do esquadrão da ficção veio do Tribunal Penal Internacional, criado em 2002 e com sede em Haia, nos Países Baixos. A corte julga, principalmente, crimes de guerra e contra a humanidade e há vários países‐membros de todos os continentes. Não há, porém, um grupo específico de investigadores ligado ao Tribunal Penal Internacional, que trabalhe isoladamente na perseguição de criminosos, como visto na série. Daí a crítica dos puristas. Outro problema da série é ter apenas investigadores europeus e um americano – apesar de os EUA não ter aprovado a criação desta corte.
Tá, a série não retrata a realidade, mas vamos falar de ficção. O primeiro destaque e ponto a favor de “Crossing Lines” é a paisagem. Na tela, nada de skyline de Manhattan, de grandes capitais americanas, ou paisagens de lugares inóspitos e frios que, teoricamente seriam em algum lugar nos EUA perto da região dos lagos, mas na verdade são no Canadá, onde a produção é mais barata. Londres, Roma, Paris, Amsterdã, Haia... Essas são só algumas cidades que servem de cenário para os mais diversos crimes.
No início dos episódios eles estão em Haia, no minuto seguinte, podem estar em Cannes ou até em algum lugar distante na Rússia. Tudo isso viajando de trem ou de helicóptero. Não parece real? Nas novelas da Glória Perez, os personagens se deslocam entre Rio e Rajastão, na Índia, ou entre o Rio e Fez, no Marrocos, como se fosse uma ponte aérea Rio‐São Paulo. Na ficção pode (quase) tudo!
Segundo ponto a favor da série é o roteiro bem elaborado e cheio de suspense. Na atração, ninguém está a salvo. Já no primeiro episódio, um personagem principal morre e, durante as duas primeiras temporadas houve boa troca de elenco. Fato que deve continuar no próximo ano. O grande trunfo do roteiro foi apostar, logo de cara, nos dramas complexos pessoais de cada investigador contratado por Daniel que, por sua vez, lida com o luto de um filho morto por um chefão russo do crime organizado.
O elenco traz William Fichtner (“Prison Break”) como Carl Hickmann, investigador americano que é ferido por um traficante internacional de crianças e, desde então, toma doses cavalares de morfina para dor. Ele foi recrutado quando estava em Haia perseguindo seu carrasco. Como em “Prison Break”, Fichtner está bem no papel do policial traído e foi uma escolha para atrair o público americano para a série. A isca não deu certo e a atração não é mais exibida pela NBC, 
mas está no ar na Europa e Canadá. Outro nome contratado para prender a atenção do público fora da Europa foi o do veterano Donald Sutherland, no papel de Michel Dorn, o contato de Daniel no Tribunal Penal Internacional.
A série conta com a bela americana criada na Itália Gabriella Pession, na pele da investigadora Eva Vittoria; o irlandês Richard Flood, como Tommy McConnel; o alemão Tom Wlaschiha, como o especialista em tecnologia Sebastian Berger; e Lara Rossi, como a novata investigadora holandesa Arabela Seeger.
[caption id="attachment_10629" align="aligncenter" width="300"]<a href="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2015/06/episodic202-4.jpg"><img class="size-medium wp-image-10629" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2015/06/episodic202-4-300x200.jpg" alt="Crédito AXN/Divulgação" width="300" height="200" /></a> Crédito AXN/Divulgação[/caption]
Donald Sutherland faz pequenas aparições, mas sempre relevantes para a trama, principalmente na primeira temporada, quando persegue o chefão russo responsável pela morte do filho de Louis Daniel. Ele também é o sábio guru do bando de investigadores e sempre tem uma frase na ponta da língua para os momentos tensos. O escritor polonês, radicado na Inglaterra, Joseph Conrad é um dos preferidos de Dorn, o personagem de Sutherland – e também aparece muito nas citações da equipe de “Criminal Minds”.
“Crossing Lines” pode não ser o drama perfeito nem o mais popular, mas tem bons elementos e traz ineditismo em seu enredo. Vale a pena conferir, nem que seja para acompanhar somente as habilidades de Sebastian Berger com seus equipamentos de scanner e jeito peculiar de investigar cenas de crime. Um nome para entrar na lista dos especialistas mais brilhantes do mundo das séries ao lado de personagens como Hodgins (T.J. Thyne), de “Bones”. Mas isso fica para uma próxima coluna...
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Serviço: “Crossing Lines” está em cartaz no AXN, às quintas‐feiras, às 22 horas. O canal está exibindo os últimos episódios da segunda temporada. No dia 25 de junho, a atração para de ser exibida para a estreia de “The Blacklist”. A terceira temporada ainda não tem data de lançamento no canal. A série também está disponível no Netflix.

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JOTA

“Crossing Lines” pode não retratar a realidade do Tribunal Penal Internacional, mas tem enredo e direção cinematográficos

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