Luiza Vieira

Com mais de 10 horas de expediente, audiências, visitas a clientes e inúmeros compromissos inesperados ao longo do dia, magistrados e advogados poderiam ser alguns dos principais profissionais a creditar o sedentarismo às agendas cheias. Mas muitos deles já estão de pé antes do sol nascer, para encaixar algumas horas de atividade física na rotina pra lá de atribulada.
Pela praticidade, a corrida é uma ótima opção para quem vive com o cronograma apertado ou passa longos períodos em viagens de trabalho. Segundo Marcos Paulo Reis, dono de uma assessoria esportiva que leva seu nome na capital paulista, é o esporte ideal por ser o mais simples. Surgiu um imprevisto, e a atividade ficou para depois? Basta tirar os tênis da mochila e partir para a rua.
É exatamente como pensa o advogado Magela Carvalho, idealizador da Corrida do Advogado. Em sua 23ª edição, a prova é sucesso entre os profissionais do Distrito Federal, com mais de 900 inscritos na competição que aconteceu neste ano. “Não há desculpa para não correr: é um esporte barato, que só requer um par de tênis e boa vontade”, diz.
Aos 57 anos, ele se exercita diariamente na academia e corre mesmo quando está em viagem a serviço. Segundo Carvalho o exercício do Direito é muito estafante, e exige que o profissional encontre uma válvula de escape. “A corrida é isso: corpo são, mente sã, senão nada dá certo.”
Como resume Marcelo Mourão, advogado e Gerente de Gestão Humana do escritório Ferreira e Chagas, “o segredo é considerar a atividade como uma tarefa de sua rotina, assim como qualquer outra”. Dessa forma, o exercício não cai nas armadilhas da preguiça, e faltar não é opção.
Esportista desde pequeno, logo cedo tomou gostou pelo exercício e nunca mais parou. Foi atleta da equipe do Minas Tênis Club por sete anos e, hoje, pratica musculação e corrida à noite, depois do expediente. “Durante a corrida, consigo fazer planos para minha carreira e minha vida pessoal. Me faz relaxar e, com isso, produzo mais quando estou no trabalho.” Praticar exercícios proporciona não somente bem-estar, mas reflete diretamente na saúde. Os benefícios são inúmeros, como baixas taxas de colesterol e triglicérides. E para arranjar tempo para se mexer não existe fórmula mágica, como atesta o preparador físico.
“Esses homens não são super-heróis, mas, sim, organizados. É uma questão de planejamento, que eles estão acostumados a fazer muito bem até devido ao cargo que ocupam”, avaliou.
Aquecimento
Para quem quer começar, o ideal é sempre procurar a ajuda de um profissional. É ele quem definirá um programa de treinos e avaliará o que se pode ou não fazer, respeitando as limitações do corpo de cada um.
Caminhadas, de pelo menos 30 minutos por dia, são uma ótima forma de adaptar o organismo – e, para correr, o estágio inicial é caminhar, impreterivelmente.
Bateu preguiça? A dica é buscar um parceiro ou grupos de corrida. Ter alguém para conversar e motivar dribla a falta de vontade, e gera até uma competição saudável. Agora, se o objetivo é um momento de reflexão, apenas certifique-se de procurar um local seguro para praticar sozinho.
“Costumo dizer que ou eu corro ou teria que tomar calmantes”, brinca Mário Luiz Sarrubbo, Procurador de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo. Depois de fraturar o tornozelo jogando futebol, ele começou a correr como alternativa para não ficar parado. Agora, as maratonas fazem parte dos seus objetivos.
“A corrida motiva, e faz com que enfrentemos de forma mais leve os problemas da vida”, afirma o competidor profissional que saltou das provas de 10 km para maratonas em cidades como Blumenau, Porto Alegre e São Paulo e, fora, em Chicago, Paris, Berlim, Nova York e Washington.
Saúde
Foi nas passadas rápidas que o Juiz de Direito do Estado de Pernambuco Sérgio Oliveira também encontrou alívio para uma dor crônica – e não física. Com a perda da filha, em 2005, a corrida que praticava por lazer e esporadicamente se tornou compromisso sério e diário. “A parte boa é o sacrifício e superação, que levo para o trabalho. Sou disciplinado devido ao esporte, e acabo exigindo isso dos meus funcionários também”.
Ao lado da esposa, a também juíza Valdereys Ferraz Torres de Oliveira, se levanta da cama por volta de 04h30 da madrugada para começar sua série. Os resultados, segundo ele, são todos positivos: passou a encarar a vida de outra maneira, encontrou um forte grupo de amigos na corrida, adotou hábitos saudáveis, remédios mal entram em casa e o tempo para família é só alegria.
“Ser juiz é apenas uma função, e não um todo. São os momentos de lazer que ‘oxigenam’ um ser humano”, relata o magistrado.

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JOTA

Com a praticidade da corrida, agenda atribulada não é mais desculpa para ficar parado

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