Luiz Orlando Carneiro

Ben Monder, 53 anos, é um dos mais respeitados e sofisticados guitarristas da “Primeira Liga” do jazz novaiorquino. Ele consolidou sua reputação como integrante da Maria Schneider Orchestra, desde Evanescense (Enja, 1994) até Concert in the garden (Artistshare, 2004) e Sky blue (Artistshare, 2007) - estes dois últimos discos premiados com o Grammy. Como membro da Paul Motian Band, destacou-se no primoroso CD Garden of Eden (ECM), gravado em 2004 e lançado em 2006.
Na condição de líder, Monder já tinha no seu currículo os seguintes álbuns: Hydra (Sunnyside, 2013), Oceana (Sunnyside, 2005), Excavation (Arabesque, 2000), Dust (Arabesque, 1997), e Flux (Songlines,1995).
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O guitarrista-compositor reaparece agora nas lojas virtuais com o seu primeiro registro autoral para o selo ECM, intitulado Amorphae – ou seja, aparentemente, um conjunto de oito peças sem formas bem nítidas, assim como os pequenos arbustos do gênero Amorpha, que aparecem e crescem na aridez das pradarias do Oeste americano.
As notas referentes ao álbum dão conta de que, originalmente concebido como uma série de duetos com Paul Motian, uma primeira sessão exploratória foi gravada em 2010. Com a morte do baterista, aos 80 anos, em novembro do ano seguinte, o projeto foi completado em 2013, em sessões adicionais, com o concurso de dois outros músicos: o baterista Andrew Cyrille, ícone do free jazz, e Pete Rende (sintetizador).
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Assim é que Amorphae é também importante por conter duas faixas que passaram a ser registros fonográficos derradeiros do inesquecível músico que sempre rejeitou os efeitos espetaculares da bateria, preferindo criar desenhos rítmico-melódicos de traços econômicos ou tingir com manchas percussivas surpreendentes os quadros musicais refinados que pintava como sideman ou como líder.
O caráter sutilmente abstrato das pontuações e especulações de Paul Motian sublinha as invenções sonoras etéreas, esparsas e “amorfas” de Ben Monder em Oh, what abeautiful morning (5m20) e Triffids (2m55).
Tumid cenobite (4m50) e Hematophagy (6m55) são as faixas em duo com Andrew Cyrille, que colore, preferencialmente com as escovinhas, o clima minimalista e mesmo glacial das peças assinadas por Monder.
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Este duo vira trio – com efeitos especiais criados por Pete Rende no sintetizador – em Zithum (7m05) e Gamma Crucis (5m15). Ben Monder toca a sós em duas faixas - Tendrils (5m20) e Dinosaur skies (7m). Nesta última, com amplo emprego de delays e outros macetes eletrônicos, criando o que um reviwer chamou de “misteriosas paisagens sônicas”.
O crítico John Kelman, por sua vez, destaca que o approach de Monder pode ser “claramente post-Bill Friselliano”, mas acrescenta que, no curso de uma carreira de 25 anos, o “discípulo” desenvolveu um estilo bem pessoal em matéria de invenção harmônica e do emprego do pedal de volume e do delay.
(Samples deste CD podem ser ouvidos <a href="http://www.prostudiomasters.com/album/page/5996">AQUI</a>)
<a href="http://www.jb.com.br/jazz/noticias/2015/12/12/as-especulacoes-sonoras-de-ben-monder/">Publicado originalmente no JB Online</a>

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Guitarrista que tocou com Paul Motian lança primeiro CD pela ECM


As especulações sonoras de Ben Monder

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