Humberto Azevedo

Convocado para dar explicações sobre a autoria de documento usado pelo presidente Jair Bolsonaro para questionar o número de mortes por Covid no Brasil, o servidor do Tribunal de Contas da União (TCU), Alexandre Costa Silva Marques, confirmou à CPI da Pandemia que o texto produzido para “debates no âmbito do TCU” foi editado e que não deve, portanto, ser considerado um documento formal da Corte de Assessoramento do Legislativo.
Durante o depoimento, Marques insistiu na tese de que o documento foi editado, mas recusou apontar quem seria o responsável por transformar o relatório informal em um documento com o timbre do TCU. “O meu pai me falou que repassou o mesmo arquivo de word. Agora, onde foi feita essa alteração não sei informar”, falou o auditor em resposta ao senador Humberto Costa (PT-PE). Marques explicou também que o documento elaborado por ele não estava datado, nem tinha a informação que se referia ao TCU, como o suposto relatório divulgado pelo presidente da República apontava.
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A confirmação de que o documento informal havia sido adulterado já era esperada pelos senadores - depoimento de Marques à comissão interna do TCU foi compartilhado com a CPI - mas senadores avaliaram, após o depoimento, que Bolsonaro praticou mais dois crimes: adulteração de documento público e crime de responsabilidade ao divulgar informação falsa como sendo de algum órgão público. 
“[Esse foi] um dos mais importantes [depoimentos] da CPI até esse momento, que pode incorrer na responsabilização do presidente da República do artigo 297 do Código Penal, que é o crime de falsificação de documento público”, afirmou o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (REDE-AP). 
“O presidente se apropriou de um documento privado, que havia recebido pelo whatsapp e encaminhou para algum dos seus entornos que tiveram a capacidade de colocar um selo fajuto do Tribunal de Contas da União – um dos órgãos mais sérios que temos no país e, mais do que isso, dizer publicamente – sabendo que não era e que se tratava de um documento privado. (…) Crimes de falsidade de documento e de responsabilidade”, afirmou a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
O vice-presidente da CPI afirmou ainda que a CPI não trabalha com a hipótese de ouvir o pai do servidor. “É desnecessário a presença do pai” dele. E que os senadores esperam todas as informações que foram requeridas pela CPI para a elucidação do caso.
<h3>Vacinas</h3>
Nesta quarta-feira (18), os senadores ouvirão o depoimento do advogado da Precisa Medicamentos, Túlio Silveira, sobre as tratativas da empresa com o Ministério da Saúde (MS) para venda da vacina Covaxin. A compra do imunizante foi cancelada pela pasta no dia 29 de julho, após a CPI começar a apurar um suposto esquema de corrupção na transação.

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JOTA

Senadores concluem que presidente cometeu dois novos crimes por usar documento em público


Servidor do TCU diz à CPI que texto usado por Bolsonaro foi adulterado

Servidor afirmou que documento foi editado, mas se recusou a apontar quem seria o responsável converter texto em "relatório do TCU"