Humberto Azevedo

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), será novamente ouvido pela CPI da Pandemia. O depoimento desta quinta-feira (12) foi encerrado depois de polêmica em torno da afirmação de Barros de que a farmacêutica CanSino desistiu de vender vacinas ao Brasil por causa da “atuação agressiva” dos senadores da comissão. “A CPI afastou vacinas do Brasil", disse em depoimento.
A afirmação, além de gerar um bate-boca entre os senadores e o deputado, foi desmentida e o presidente da CPI, Omar Aziz, condicionou um novo depoimento – no qual o parlamentar será ouvido na condição de convocado – a uma resposta da questão de ordem do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre “quais medidas que podem ser aplicadas ao depoente, parlamentar, que mente perante a CPI”.
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“Um dos principais fabricantes [de vacinas], a CanSino, já desmentiu o depoente, informando que mantém integralmente o seu interesse em fazer as vendas e que suspendeu a relação com a Belcher, da cidade natal do depoente, por questões de compliance, ou seja, ela não tinha confiança na relação com essa distribuidora”, disse Vieira após ler informação do jornal Valor Econômico, no qual o vice-presidente de negócios da empresa, Pierre Morgon, confirmou o interesse em vender imunizantes ao país e a troca de representação no Brasil por questões de “compliance”.
Além do desmentido sobre as vacinas, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) apontou contradição do deputado na afirmação de que acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) autorizava o governo a antecipar o pagamento para fornecedores de vacinas. “[Esse acórdão] não trata de vacinas, ele é do BNDES, relacionado a obras, e não tem nada de pagamento antecipado”, afirmou. Na resposta, Barros citou um novo documento e rapidamente foi rebatido por Tebet: “[esse] acórdão de 2021, e o Ministério já sabia antes que não tinha”.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) insistiu na contradição do depoente. “A questão central aqui é a contradição. Essa parte diz que tem condições de contratação; [mas] não fala que tem condições de pagar antecipadamente essa parte especificamente”, observou Renan. No mesmo sentido complementou o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP): “O que isso tem a ver com a alegação primeira que o senhor fez?”.
O nível de tensão na CPI foi elevado e Aziz foi forçado a suspender os trabalhos. Quando retornou, apenas abriu a reunião para comunicar que Barros voltaria como convocado, acolheu a questão de ordem do senador Vieira e encerrou os trabalhos. Aziz lamentou que Barros perdeu a oportunidade de trazer explicações sobre as acusações feitas pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF). 
“Ao invés de explicar, ele veio aqui para desconstruir. (…) E querer se defender e não falar a verdade”, reclamou. “Ele não vai desconstruir o trabalho da CPI. Se hoje o Brasil está vacinando é porque a CPI trabalhou muito para isso acontecer”, falou. “Posso assegurar que nós não chegamos nem na metade das perguntas do senador Renan. Perguntas e provas, que nós temos, e que será guardado [sic] para o próximo dia que vamos marcar, porque convocado ele já está”, concluiu. 
Em entrevista coletiva após a reunião, Barros acusou o comando da CPI de autoritarismo. O deputado se comprometeu a retornar para se defender das acusações. “Eu estou documentado. Para cada assunto eu mostrava os documentos que embasaram que eu não nada tenho a ver com a Covaxin”, argumentou. “Eles querem falar uma versão que não se sustenta. Eu não menti nada. Eles não provarão que eu menti”.

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JOTA

CPI condiciona nova oitiva do líder a resposta do STF sobre como agir com “parlamentar, que mente”


Ricardo Barros terá que depor novamente à CPI da Pandemia como convocado

Líder do governo será ouvido novamente pela CPI na condição de convocado depois que CPI receber orientação do STF