Isabella Macedo

Humberto Azevedo

Na primeira reunião após o recesso parlamentar, a CPI da Pandemia aprovou a quebra dos sigilos telefônicos, telemáticos, fiscais e bancários do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) e do deputado Luiz Miranda (DEM-DF).
Barros entrou no radar da CPI após Luís Miranda afirmar em depoimento que, o presidente Jair Bolsonaro teria dito que a pressão exercida sobre o servidor do Ministério da Saúde, Luís Ricardo, para liberação da importação da vacina indiana Covaxin seria “coisa do Ricardo Barros”. O líder governista já foi convocado à CPI e há a expectativa de que seu depoimento seja realizado nos próximos dias.
<a href="https://www.jota.info/produtos/poder?utm_source=Banner%20site&amp;utm_medium=Artigos&amp;utm_campaign=CTA_Poder_materias"><img class="size-medium wp-image-292717 aligncenter" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2021/01/jota-pro-poder.jpg" alt="" width="688" height="688" /></a>No total foram 24 pedidos de quebra de sigilo foram aprovadas, dentre os quais os referentes à VTCLog, empresa de logística contratada na gestão de Barros como ministro da Saúde, entre 2016 e 2018. O depoente desta terça-feira, reverendo Amilton Gomes de Paula, também teve os sigilos quebrados. Também foram alvos de quebras de sigilo os representantes da Davati Medical Supply, Cristiano Carvalho e Luiz Paulo Dominghetti, envolvidos na suposta negociação de 400 milhões de doses da vacina da farmacêutica AstraZeneca.
Além das quebras de sigilos, a CPI aprovou um pacote de convocações e o pedido de afastamento de Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”, da secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde.
Autor do requerimento, Randolfe Rodrigues (REDE-AP) afirmou que a CPI já tem elementos necessários para apontar a atuação de Mayra Pinheiro na condução do Governo na pandemia. “A sua manutenção no cargo mostra que nada mudou, apesar da última troca do ministro da pasta, trazendo prejuízos óbvios para a população brasileira, bem como para a apuração dos fatos”, diz o documento aprovado.
No rol dos convocados estão Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro; Raimundo Nonato Brasil e Teresa Cristina Reis de Sá, sócios da empresa VTCLog; coronel Hélcio Bruno, presidente do Instituto Força Brasil; Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da empresa de planos de saúde Prevent Senior; Flávio Werneck, ex-assessor especial para assuntos internacionais do ministro da Saúde; e Alex Lial Marinho, coordenador-geral de Logística de Insumos Estratégicos Para Saúde do Ministério da Saúde. Também foi aprovada a reconvocação do ex-secretário executivo da pasta Elcio Franco.
<h3>Novo pedido de convocação de Braga Netto</h3>
O pedido de convocação do ex-ministro da Casa Civil e atual ministro da Defesa, Walter Braga Netto, foi retirado de pauta pelo autor, Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O senador elaborou novo requerimento “melhor fundamentado” para futura decisão da CPI. “Além da Casa Civil, Braga Netto coordenava Saúde, Justiça e Segurança Pública, Defesa, Relações Exteriores, Economia, Cidadania, Mulher, Família e Direitos Humanos, Secretaria-Geral da Presidência, Secretaria de Governo, GSI, AGU, CGU, Banco Central, Anvisa, Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES. Se esse cidadão não precisa ser ouvido em uma CPI que investiga ações e omissões do Governo Federal, tenho dúvida de quem precisa”, disse o senador.
<h3>Depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula</h3>
Apontado como o elo entre os representantes da Davati Medical Supply e o Ministério da Saúde, o reverendo Amilton Gomes de Paula admitiu nesta terça-feira (3/8) à CPI da Pandemia que usou de “bravatas” para vender a imagem de influência junto ao governo federal.
Dirigente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), Amilton confirmou ser o intermediário que levou o vendedor da Davati, Luiz Paulo Dominguetti, aos dirigentes da Saúde, mas negou participação na negociação de compra de vacinas.
“Isso aí foi uma bravata. Minha. (...) Eu só não me lembro do contexto, mas... Nobre Senador, eu não me lembro de ter dito ou escrito dentro desse contexto a Domingueti. Não fui eu que escrevi isso”, disse o reverendo depois de questionado sobre as mensagens que enviadas a Dominguetti.
Na troca de mensagens, Amilton dizia que já tinha falado “com quem manda” e que a primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro, teria entrado “no circuito” para agilizar a concretização da venda feita pela Davati ao governo brasileiro.
O depoimento do reverendo contradisse o de Cristiano Carvalho, representante da empresa no Brasil, e também o de Dominguetti. Ambos afirmaram aos senadores que foi o reverendo que procurou a Davati para ajudar na negociação com o Ministério da Saúde. Amilton afirmou que o primeiro contato foi feito pelo cabo da Polícia Militar (PM) e vendedor da Davati.

ricardo barros deputado

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JOTA

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