A desoneração tributária para aliviar o preço dos combustíveis ao consumidor é a prioridade do governo na retomada dos trabalhos legislativos. O entorno político do presidente acredita que a medida tem potencial para diminuir a rejeição de Jair Bolsonaro detectada em pesquisas encomendadas pelo centrão.
Diante do tamanho do impacto fiscal e o temor da reação do mercado, o governo ainda calibra a medida, e recuou da intenção em fazer uma política de subvenção à Petrobras por meio de um fundo de compensação. A tendência é que o texto saia do Planalto ao menos com a redução de tributos federais que incidem sobre combustíveis.
Gasolina e diesel têm causado prejuízos não só para consumidores diretos desses produtos, mas para toda a sociedade que consome bens e serviços. A inflação acima de 10% em 12 meses é em grande medida consequência disso.
O analista de Economia do JOTA, Fábio Graner, mostrou na semana passada em sua coluna que as pistas sobre PEC em discussão no governo preocupam porque partem de uma premissa de disputa política.
Arthur Lira
Engana-se quem pensa que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) só terá condições de obter mais dois anos na presidência em caso de vitória de Bolsonaro. O político alagoano, reconhecido pelos pares como cumpridor de acordos, gosta de dizer que não há tema interditado para discussão. E será a prerrogativa de controlar a pauta que dará ao expoente do centrão a chance de acenar a partidos da oposição mirando a própria campanha à reeleição no cargo.
A lógica se aplica ao Senado, mas não necessariamente às pretensões do presidente Rodrigo Pacheco. São os planos de reeleição de Bolsonaro que devem seguir esbarrando na Casa. Dois terços dos parlamentares não precisam ir à urna em outubro, e terão o mandato garantido em 2023, independentemente do próximo presidente da República.