Isabella Macedo

No segundo dia de depoimento à CPI da Pandemia, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello responsabilizou a Secretaria de Saúde do Amazonas e a empresa White Martins pelo colapso no abastecimento de oxigênio em Manaus em janeiro. A crise de abastecimento de oxigênio hospitalar rendeu a Pazuello uma ação de improbidade administrativa por omissão impetrada pelo Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas. 
“Ela [a empresa] já vinha consumindo a sua reserva estratégica e não fez essa posição de uma forma clara desde o início. Começa aí a primeira posição de responsabilidade. Não tem como nós isentarmos essa primeira posição”, disse o ex-ministro. “O contraponto disso é o acompanhamento da secretaria de saúde, que não o fez. Se a secretaria de saúde tivesse acompanhado, de fato e de perto, a situação da produção e consumo do oxigênio, preocupada com o aumento do oxigênio, teria descoberto que estava sendo consumida uma reserva estratégica e que medidas precisariam ser feitas imediatamente.” 
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O ex-ministro foi questionado pelo senador amazonense Eduardo Braga por que não houve intervenção federal na saúde do estado diante do colapso de janeiro. Pazuello admitiu que o governador do estado, Wilson Lima (PSC), pediu ao governo federal uma intervenção na saúde amazonense, mas a demanda foi negada em reunião com participação de Bolsonaro. “Foi levado à reunião de ministros com o presidente. E o governador, presente, se explicou, apresentou suas observações. E foi decidido pela não intervenção”.
<h3>Pazuello, CPI e Covax Facility</h3>
A decisão do Ministério da Saúde ter optado pela menor cobertura vacinal ao aderir ao consórcio internacional <a href="https://www.who.int/initiatives/act-accelerator/covax">Covax Facility</a> foi novamente objeto de questionamento dos mais de 20 senadores que interrogaram o ex-ministro. 
Pazuello mudou a versão apresentada na primeira rodada do depoimento e afirmou que todas as decisões em relação à Covax Facility foram tomadas no âmbito da Casa Civil, e não apenas por orientação do Ministério da Saúde. Foi a terceira versão sobre a negociação para adesão ao consórcio apresentada à CPI.
A primeira justificativa pela opção foi apresentada pelo ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, em seu depoimento à CPI na terça-feira (18). Segundo Araújo, a orientação pela menor opção oferecida pela aliança internacional partiu do Ministério da Saúde. Pazuello admitiu na primeira rodada do depoimento que foi dele a ordem para contratação de apenas 10% de cobertura vacinal porque o preço inicial das doses era muito alto e que “não havia firmeza, estabilidade no processo” liderado pela OMS. 
“Toda discussão da da contratação da Covax Facility se deu no âmbito da Casa Civil. (...) Ela foi centrada na Casa Civil”, disse o ex-ministro da saúde ao ser indagado por Alessandro Vieira (Cidadania-SE) sobre a cadeia de comando e a decisão final para a contratação do consórcio. Pazuello acrescentou que a decisão era de “um colegiado”.
<h3>Relatório preliminar</h3>
Com as contradições de testemunhas e diversas interrupções de governistas e oposição para defender suas posições durante as reuniões, o relator da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), decidiu pedir a Renan um relatório preliminar após o fim do primeiro mês de funcionamento da comissão. Caberá a Renan fazer um apanhado das provas já produzidas, segundo o amazonense, para que não se diga que “a CPI está descambando” e apontar aos colegas o que já deve passar a fazer parte do relatório final. 
Na próxima terça-feira (25) está marcado o depoimento de Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, conhecida como “capitã cloroquina” por seu intenso incentivo ao uso do medicamento ineficaz no tratamento da Covid-19. No dia seguinte, a CPI vai deliberar sobre os próximos passos, analisando os diversos requerimentos que foram apresentados pelos integrantes da comissão.

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JOTA

Ex-ministro admitiu que governo federal negou intervenção federal no estado em reunião com Bolsonaro


Pazuello culpa White Martins e governo do Amazonas por crise de oxigênio em Manaus

Ex-ministro Eduardo Pazuello disse na CPI que falta de foco do estado e consumo de reserva de oxigênio por empresa causaram crise em Manaus