Érico Oyama

A oposição na Câmara dos Deputados articula a apresentação de requerimento para investigar as denúncias de existência de um “orçamento paralelo” que beneficia aliados do Planalto em uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) assumiu o  comando da coleta de assinaturas para ter apoio formal para a investigação parlamentar. “Espero conseguir até o fim da semana ao menos 110 assinaturas”, disse ao JOTA Valente. 
A abertura de uma CPI na Câmara exige que o requerimento tenha, no mínimo, a assinatura de 171 deputados, mas o deputado está confiante. “O que nós vamos pegar aqui também são os descontentes, porque nem todos foram contemplados [com o orçamento paralelo]”, diz. Formada por PSOL-PT-PSB-PDT-PCdoB-REDE, a oposição reúne 126 deputados, por isso uma CPI na Câmara dependeria de assinaturas de parlamentares de partidos de centro ou mesmo de nomes da base governista.
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No Senado, Roberto Rocha (PSDB-AM) colhe assinaturas de colegas para a instalação de uma nova CPI na Casa - onde o apoio mínimo para apresentação do requerimento é de 27 assinaturas. O movimento do aliado Planalto sinaliza a preocupação em evitar que um novo pedido de comissão investigativa da oposição prospere - e se realmente criada, a CPI do Orçamento Paralelo no Senado dividiria as atenções com a CPI da Pandemia que é dominada por oposicionistas. 
<h3>Convocações</h3>
Além da ofensiva pelas CPIs, a oposição coloca em marcha a estratégia de provocar a investigação do escândalo do orçamento paralelo por órgãos de fiscalização e de convocar autoridades envolvidas para dar explicações em comissões permanentes da Câmara. 
O deputado Leo de Britto (PT-AC) apresentou na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) requerimento de convocação da ministra-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, a deputada licenciada Flávia Arruda (PL-DF). De acordo com a matéria do jornal “O Estado de S. Paulo” que denunciou o orçamento paralelo, Arruda é uma das destinatárias das “emendas secretas”.
O partido Novo apresentou também apresentou requerimento à CFFC para convocação do presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Marcelo Andrade Moreira Pinto. 
Líderes de partidos de oposição na Câmara encaminharam uma representação por improbidade administrativa na Procuradoria da República Distrito Federal contra o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e o presidente da Codevasf.
Também foi apresentada denúncia ao Tribunal de Contas da União (TCU) contra o presidente Jair Bolsonaro; o ministro Marinho; e o presidente da Codevasf, para pedir a suspensão do pagamento das emendas da rubrica RP9 (emendas de relator) “até que um sistema de informações transparente das indicações seja disponibilizado, uma vez que não se sabe e não se consegue saber quem indicou os beneficiários”. A oposição também quer que a Corte de Assessoramento do Legislativo investigue se houve destinação de créditos extraordinários autorizados pelo Congresso para o combate à pandemia para o pagamento de emendas RP9. 
No Senado, depois de manifestações dos senadores Jorge Kajuru (PODE-GO) e Lasier Martins (PODE-RS) no plenário para pedir esclarecimentos das denúncias, o presidente Rodrigo Pacheco (DEM-MG) se comprometeu em buscar respostas técnicas. “Tomaremos as providências para um conhecimento pleno em relação a este fato para um pronunciamento que seja seguro, que seja tecnicamente adequado e que evite qualquer pré-julgamento em relação a esse fato”, disse.

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JOTA

Aliado de Bolsonaro no Senado também colhe assinaturas para emplacar CPI governista 

Oposição colhe assinaturas para “CPI do orçamento paralelo” na Câmara

Há pedidos de abertura de CPI na Câmara e no Senado para investigar a denúncia de que houve um orçamento paralelo