CPI da Pandemia

Hang nega financiamento de fake news e distribuição de medicamentos sem eficácia

Empresário diz que mãe foi submetida a ‘tratamento inicial’ com kit de remédios sem comprovação científica

Hang
O e mpresário Luciano Hang na CPI da Pandemia. Atrás, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) / Crédito: Leopoldo Silva/Agência Senado

O empresário Luciano Hang negou nesta quarta-feira (29/9) as acusações feitas pela CPI da Pandemia de que ele financiou a propagação de notícias falsas, sobretudo em favor de medicamentos sem comprovação científica. Ele negou ainda ter participado do lançamento do aplicativo “TratCov” pelo Ministério da Saúde, que tinha como objetivo oferecer à população os referidos remédios.

Aliado de Jair Bolsonaro, Hang negou ter relações de amizade com o presidente da República. Apesar de confirmar encontro pela manhã com o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), Hang disse que não é amigo do parlamentar.

O empresário também negou patrocinar o site Terça Livre, veículo que apoia o presidente da República, bem como ter relações com a Belcher farmacêutica e com o empresário Emanuel Catori. A Belcher tentou intermediar junto ao Ministério da Saúde a venda da vacina chinesa da empresa CanSino.

Morte da mãe

Chamada para dar explicações das condições de tratamento da mãe, Regina Hang, por médicos da Prevent Senior, Hang disse que ela foi submetida a “tratamento inicial” e não tratamento precoce com o “kit covid”, de medicamentos sem comprovação científica, porque a medicação foi administrada depois que ela já tinha recebido o diagnóstico de Covid-19.

“Vocês [da CPI] foram induzidos ao erro. Eu avisei que ela pegou Covid, foi para a Prevent, foi [quando] eu decidi, e o que eu falei é que eu não tinha feito com a minha mãe o tratamento preventivo, tomando todos os remédios antes da doença. Nós não fazíamos tratamento preventivo [para ela]. (…) Tratamento preventivo é uma coisa, tratamento inicial é outra”, disse.

Hang confirmou à CPI que concedeu a autorização para que a Prevent Senior realizasse todos os procedimentos, como o “kit covid” e ozonioterapia para tratar sua mãe. A empresa, em depoimento ao colegiado por seu diretor-executivo, Pedro Batista Jr., informou que Regina Hang não faleceu de Covid-19 e que tampouco foi aplicado a ela o tratamento com os remédios sem comprovação científica.

Em resposta às declarações do empresário, a CPI aprovou um requerimento, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para que o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) encaminhe ao colegiado os processos que tramitam naquela unidade federativa contra Hang por ele fornecer medicamentos sem comprovação científica aos municípios catarinenses.

Otávio Fakhoury

A CPI da Pandemia ouvirá nesta quinta-feira (30/9) o empresário bolsonarista Otávio Fakhoury, acusado no inquérito em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) de financiar a propagação de notícias falsas. Fakhoury é investigado também na CPI das “Fake News” e atualmente é o presidente do diretório estadual do PTB no estado de São Paulo. Fakhoury é ligado ao presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, preso por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.