Humberto Azevedo

A CPI da Pandemia aprovou nesta quinta-feira (19) o acesso e a transferência de todos os dados e sigilos que o deputado Ricardo Barros (PP-PR) possui junto a Receita Federal, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e também no Tribunal de Contas da União (TCU). Os requerimentos foram aprovados um dia após o parlamentar paranaense acionar a Suprema Corte com um mandado de segurança para cancelar a quebra dos seus sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático aprovados anteriormente pelo colegiado. 
Os documentos foram aprovados na análise de um pacote de mais 100 requerimentos. Também foram aprovadas convocações de seis novos depoentes a serem ouvidos sobre a polêmica em torno de vendas de vacinas ao governo brasileiro: Jaime José Tomaselli, executivo da empresa “World Brands”; Emanuel Catori, sócio da Belcher Farmacêutica; Roberto Pereira Ramos Júnior e Luiz Henrique Lourenço Formiga, respectivamente presidente e sócio do “Fib Bank Garantias”; e os empresários José Ricardo Santana e Marconny Albernaz de Faria.
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Tomaselli é o empresário que aparece no vídeo gravado pelo então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, como sendo o responsável por uma suposta intermediação da vacina Coronavac com o governo brasileiro. Catori - que será ouvido pela CPI na terça-feira (24) - é proprietário da Belcher Farmacèu, que tentou intermediar a venda da vacina produzida pela farmacêutica chinesa CanSino. 
Roberto Pereira Ramos Júnior e Luiz Henrique Lourenço Formiga são sócios na “Fib Bank Garantias”, instituição financeira apontada como avalista da Precisa Medicamentos nos negócios que a empresa oferecia ao governo brasileiro. Apesar deles aparecerem como gestores da empresa, os senadores desconfiam que ambos são “laranjas” do empresário Marcos Tolentino.
José Ricardo Santana é amigo do ex-diretor do Departamento de Logística (Delog) do Ministério da Saúde (MS) Roberto Dias - acusado de pedir propina na vacina AstraZeneca. Marconny Albernaz de Faria é apontado como lobista que teria “destravado” a venda de reagentes para testes de covid-19 no valor de R$ 12 milhões pela Precisa ao ministério.
A CPI deu prosseguimento à frente de investigação que mira dos hospitais federais do Rio de Janeiro. Foram aprovados requerimentos de acesso à informação financeira de gestores dos hospitais federais do Rio de Janeiro e todos os relatórios destas unidades hospitalares. 
A CPI aprovou também a quebra de sigilos bancário e fiscal dos influenciadores digitais que apoiam o presidente Bolsonaro como do site “Brasil Paralelo”, de Tarsis de Souza Gomes; e de Allan Santos, do site “Terça Livre”. Também tiveram os sigilos quebrados os blogueiros Paulo de Oliveira Enéas, Alessandro Loiola e Oswaldo Eustáquio. 
<h3>Medo de Prisão e silêncio</h3>
Após a análise dos requerimentos, a CPI ouviu o depoimento do dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano. O empresário permaneceu a maior parte da oitiva em silêncio. Em uns dos poucos momentos em que respondeu aos senadores foi para admitir vínculo com o empresário Marcos Tolentino. Inicialmente, Maximiano negou conhecer Tolentino, mas desmentido pelos senadores e sob ameaça de prisão, retratou-se. 
“Eu formalmente me retrato e peço desculpas. Pois, eu realmente consto como locatário no contrato deste imóvel [de propriedade de Marcos Tolentino]. Não me recordava por que não vivi lá neste imóvel. Foi uma confusão”, afirmou após ser ameaçado de prisão pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). 
Maximiano também quebrou o silêncio para responsabilizar a empresa parceira, Envixia, dos Emirados Árabes Unidos, pela autoria dos documentos falsos que foram apresentados nas primeiras tentativas de venda da vacina Covaxin ao Ministério da Saúde. “Eu fui à Índia apresentar para eles as evidências e as provas de que nós recebemos esses documentos da Envixia, um parceiro deles, eleito no processo por eles”, contou o empresário.

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JOTA

Comissão também aprovou quebra de sigilos bancário e fiscal dos influenciadores digitais que apoiam Bolsonaro

CPI quebra sigilo de Ricardo Barros junto a Receita Federal, STF e TCU

Sigilo do líder governista foi quebrado em análise de pacote de mais 100 requerimentos. Também foram aprovadas novas convocações.