Bernardo Gonzaga

Aliados do deputado <a href="https://www.camara.leg.br/deputados/160541">Arthur Lira (PP-AL)</a> na Câmara têm aconselhado o líder do Centrão a reavaliar a estratégia de suporte integral ao presidente Jair Bolsonaro em troca do apoio - ainda que indireto - do Planalto para a sucessão da presidência da Casa. Deputados como o vice-líder do PP, Fausto Pinato (SP), temem que a incerteza sobre a conjuntura econômica futura e os rompantes do presidente da República - “que perdeu a racionalidade” - tenham forte impacto na <a href="https://www.jota.info/dados/aprovacao-dos-presidentes/aprovacao-de-bolsonaro-agregador-jota-03112020">ainda boa popularidade</a> do chefe do Executivo já no início de 2021. 
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Para Pinato, sem forte apoio das ruas, o fim do suporte dos parlamentares ao governo é apenas uma questão de tempo. “Bolsonaro fala que é o dono da caneta, mas nós, do centro, não precisamos do Bolsonaro. Ele é que precisa da gente. Se ele não mudar, ele cai no meio do ano que vem. Quando ele não conseguir eleger ninguém [para presidente da Câmara], vai vir muita candidatura avulsa e poderá jogar contra ele na Casa”, disse o vice-líder do PP em conversa com o JOTA.
Pinato afirma que o interesse em resolver o impasse da Comissão Mista de Orçamento (CMO) deveria ser do governo e Lira deveria estar ciente disso, uma vez que ele se tornou aliado do Planalto. 
Lira vem enfrentando um longo impasse para eleger sua candidata ao colegiado, Flávia Arruda (PL-DF), e dar o primeiro passo para angariar força política para suceder Rodrigo Maia no comando da Casa. O presidente da Câmara trabalha para que o presidente da comissão seja seu aliado de primeira ordem, Elmar Nascimento (DEM-BA). 
O raciocínio do vice-líder do PP é o seguinte: a popularidade de Bolsonaro está alta pelo auxílio emergencial, mas as ruas não estão suportando mais sua política externa (como não reconhecer a vitória do Democrata Joe Biden à Casa Branca), as intrigas dos filhos com membros do governo e a briga do presidente com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Além desses elementos, a incerteza de aprovação do orçamento até janeiro de 2021 e, sobretudo, de prorrogação do auxílio emergencial para o próximo ano também geram dúvidas sobre o vigor da popularidade de Bolsonaro. Pinato vê chances de queda no apoio popular, que deverá ser seguida pelos parlamentares. Neste cenário, o vice-líder do PP vê riscos reais para a candidatura do colega de legenda. Pinato diz que Lira ainda insiste em dialogar com os dois lados: com os descontentes, com o governo e com o Planalto. “Mas vai chegar uma hora que não vai dar mais”, disse.
Os alertas, segundo o vice-líder progressista, tem chegado também de outros nomes do Centrão. Outros deputados já avisaram ao cacique que Bolsonaro pode estar apenas usando sua intenção de presidir a Câmara como “balão de ensaio”, para desgastá-lo na Casa “até onde conseguir e depois apunhalá-lo pelas costas” para emplacar outro deputado como presidente da Câmara. 
Perguntado sobre esse assunto que circula nos corredores do Congresso, Pinato disse apenas: “olha o que ele [Bolsonaro] fez com o Santos Cruz (ex-ministro da secretaria de governo), [Gustavo] Bebianno (ex-secretário-geral da presidência), [Sérgio] Moro (ex-ministro da Justiça). Governo joga com plano B e a maioria das traições foram para atender vaidades dos filhos”. 
Para Pinato, o país está perdendo habilidade política e “estamos nos tornando chacota lá fora”. “A democracia está em risco. Ninguém aguenta mais essa picuinha dos filhos do presidente. E o interesse da vacina, cadê? A China é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil”, finalizou o deputado, fazendo referências às divergências diplomáticas já externadas pelo presidente.

fausto pinato

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JOTA

Para Fausto Pinato, vice-líder do PP, presidente terá dificuldades no Congresso se não mudar seu comportamento

&#8216;Nós, do centro, não precisamos do Bolsonaro. Ele é que precisa da gente&#8217;

'Nós, do centro, não precisamos do Bolsonaro. Ele é que precisa da gente'

Para Fausto Pinato, vice-líder do PP, presidente da República Jair Bolsonaro terá dificuldades se não mudar seu comportamento