Isabella Macedo

Um dia depois do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltar a atacar a China, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, minimizou o impacto das declarações do chefe para relações diplomáticas e obtenção de vacinas e insumos pelo Brasil. Em depoimento à CPI da Pandemia, Queiroga argumentou que não houve ataque literal aos chineses e disse que “espera que as relações entre Brasil e China continuem positivas”.
“Vossa Excelência mesmo disse que o presidente da República não fez menção à China. Então, eu espero que essas questões sobre as relações entre Brasil e China continuem positivas e não tenhamos impacto no nosso programa de imunização”, disse o ministro em resposta ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). 
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Ao longo de mais de oito horas de depoimento, o ministro defendeu a vacinação, usou do argumento de que respostas objetivas só poderiam ser apresentadas mediante a obtenção de dados técnicos, e avisou que não faria juízo de valor sobre o trabalho dos antecessores, o uso de cloroquina nem tampouco sobre as posições de Bolsonaro ao longo da pandemia. 
Queiroga alegou que qualquer posicionamento sobre o uso da cloroquina exigiria “um posicionamento técnico” que deveria ser fundamentado com um protocolo da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec). “Existe previsão da Conitec em lei. Ela elabora os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas. Essa decisão tem que ser avaliada quanto ao mérito da qualidade da evidência científica, tem que ser avaliada em relação a questões econômicas de tecnologias”.
A conduta evasiva irritou o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL). Foram oito tentativas de obter do ministro uma resposta sobre sua concordância com o presidente Bolsonaro em relação ao uso da cloroquina. Queiroga se recusou a responder. A insistência do relator gerou protestos da base governista na comissão. Os aliados do Planalto acusaram o alagoano de tentar conduzir a testemunha. Renan rebateu com a acusação de que os apoiadores do governo estavam tentando fazer uma obstrução à investigação. 
Insatisfeito com as respostas do ministro, o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), questionou o ministro sobre a demora do órgão em se manifestar sobre o medicamento até agora, após mais de um ano de pandemia e após diversos estudos que apontam sua ineficácia no tratamento da Covid-19. Queiroga admitiu que já seria possível que a Conitec se pronunciasse sobre o tema. 
“Hoje temos um conhecimento maior e é por esse motivo que, no meu entendimento, já cabe a edição de um protocolo clínico e uma diretriz terapêutica para o enfrentamento dessa situação. No entanto, volto a afirmar que o que é fundamental é a campanha de vacinação”, concluiu. 
O tema da quebra de patentes foi levantado pelo governista Marcos Rogério (DEM-RO). Questionado sobre a possibilidade da quebra de patentes das vacinas para ampliar a oferta dos imunizantes, Queiroga disse ser contrário à iniciativa. “Meu temor é de não termos condições, mesmo com a quebra das patentes, de produzir essas vacinas no Brasil. E como nosso programa está calcado em vacinas como a Pfizer, a Janssen, isso interferiria de maneira negativa no aporte de vacinas no programa nacional de imunização”, justificou o ministro. 
Com os longos depoimentos, os senadores decidiram alterar as regras de oitivas para que apenas um depoente seja inquirido por reunião. O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, teve depoimento adiado para terça-feira (11). Na quarta-feira (12), será a vez do ex-secretário de Comunicação do governo Fábio Wajngarten. Na quinta-feira (13), haverá uma exceção e dois depoentes serão ouvidos: o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e dos representantes da farmacêutica Pfizer no Brasil. 
Também já foi definida a lista de depoentes da semana entre 17 a 21 de maio. O ex-ministro Eduardo Pazuello será ouvido no dia 19. Os presidentes do Instituto Butantan, Dimas Covas; e a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, serão ouvidos no dia 20. Na quinta-feira (21), será a vez do representante da União Química -  parceira para a produção da vacina russa Sputnik V no Brasil - Rogério Rosso.

queiroga

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JOTA

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